sexta-feira, fevereiro 19, 2010

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romance?

Para te responder estive-me a ler, duplamente leitor: duplamente lendo o que escrevi em duplicado, duplamente eu que escrevi e agora leio.

No que escrevi dizia, previa, por aí..., calculo calculava: imaginei que não seria fácil responderes ao que escrevi. Demorou alguns dias, finalmente escreveste como poderias não ter escrito. A ausência também pode ser uma resposta da leitura, geralmente não é. De tal modo o abandono é banal, uma não resposta duma leitura pode não ter, não guardar, não dar nenhum sinal.
Como no fim de me ler ainda te pude ler, até sei quem és. Agora saber quem sou é mais problemático *, resolveste responder com uma pergunta. É uma resposta que é uma resposta mas não dá uma resposta, aceita de algum modo a proposta ou não se teme da proposição:
«Serás a secreta alma feminina dum romance, alguém para quem escrevo.
Não imagino como me possas responder, limitar-me-ei a constatar. Agradeço as tuas palavras, aproprio-me delas, faço-me teu.»
Não satisfeito retomo as palavras escritas e lidas relidas, lidadas de novo.
Não, não há romance algum.
Não pode haver sem que tu escrevas. Dirás:
- Podes ir ver o que eu escrevo, o que publico no blog.
Não, não é a mesma coisa.
Também eu comecei um blog, não me peças para o ler, posso descrever-to. Dizê-lo por palavras, dá-lo a ver?
Fá-lo-ei se voltares a escrever.
*
Na verdade simplifico, exponho-me completamente e deixo contigo a decisão que decidires tomar:- Eu sou aquele que decidires imaginar quando escreveres para mim. Mais importante do que te dizer quem sou, será tu dizeres-me quem queres que eu seja?
Eu sou... Vou agora dizer: eu serei ou eu penso...
Não quererás que eu seja quem tu queres que seja, para ti seria errado esse desejo. Não és uma personagem, procuras autenticidade.
Não trocas o melhor personagem, o mais ideal, por uma pessoa autentica: alguém capaz de te surpreender, alguém capaz de responder à tua pergunta, alguém portador duma resposta, alguém...
- - - Eu sou alguém, garantidamente eu sou alguém.
Não sei é se estás preparada para que eu seja - alguém que se invente - a partir do conhecimento que venha a ter de ti?
Ainda nem sequer temos uma fórmula para nos despedirmos, dispo as palvras até à última e deixo-as ficar. Mas utilizo uma fórmula social: fica bem.
Ah, deixa-me dizer uma coisa que acho devo dizer, não te conheço...