sexta-feira, fevereiro 19, 2010

1

«Hoje senti saudades do meu próprio blog e resolvi fazer um comentário a coisa nenhuma ou escrever outra coisa qualquer, entre uma possibilidade e outra, escrever esta possibilidade de estar vivo sem qualquer espécie de dúvida a não ser qual possa ser a espécie da Dúvida, a substantiva, a mais substancial de todas. Não trazendo nenhuma, com nenhuma fiquei, continuei entregue a tentar fazer um raciocínio sobre probabilidades. Considerei dispensável, limitei-me a estes limites no aquém. Decidi passar além, seguindo o mesmo inefável sentido de orientação seguido até aqui: escrever o que estiver escrito depois do dito estar dito, tido. Jogar no interior das palavras o destino das letras, disse.», lá chegaremos, cá chegamos, chegámos.

I - MOMENTO A MOMENTO

O sucesso do blog está, desde já, garantido na sua originalidade!
A idade da origem só condiz nesta data de nascimento, depois cresce em direcção ao Passado!
Como compreender, entender e assimilar este blog? Lendo e tentando fruir do mesmo!
Ao limitá-lo, numerando-o de 1 a 100, não pretendo mais do que mostrar como os limites não existem para o espírito. Sendo o seu corpo a melhor prova disso, não (o) tendo.
Este é um blog à procura de contar uma sua história, procuremos os números que no mesmo foram registados. Iremos fazendo isso, dia a dia...
Tenho pelos números uma atenção e curiosidade que me leva a acreditar ter uma série qualquer neste blog, o que encontrei e me chamou a atenção, foi:

de vez 1

A seu tempo, lá chegaremos. Hoje vamos para o primeiro dia, o primeiro título:

ontem

começo ontem - Domingo

Seguindo as ligações nos títulos sublinhados chega-se às datas, aprofunda-se a história, aqui procuro-a à superfície: passar de dia para dia, viajando de texto para texto, como se essa viagem acontecesse, continua-se de momento a momento.
Amanhã continuo. Já agora, hoje foi sexta-feira; passou, amanhã é sábado.

2

amanhã

faço comentários amanhã!

3

hoje

- Não me apetece continuar uma coisa que não me apetecia começar.
- Obrigado?
- Não tens de agradecer.
- Estava-se mesmo a ver?...

Comentários:

5 Comments:

Blogger Assim said...
- Tem a certeza que pretende navegar para outra página? Pergunta o Microsoft Explorer quando acciono o “Editting Post”, tenho de carregar no “Publishing Post”. - Isto deve ser a história da minha vida... - Quem? - Esquece! Partilhemos a história: Assim e Mesmo, assim mesmo.
Terça-feira, Novembro 23, 2004 6:20:00 PM  
Blogger Assim said...
1 - Daqui para a frente é sempre hoje. 2 - O futuro é sempre hoje... 1 - Quando falamos de amanhã? 2 - Porque não hoje mesmo? 1 - Não te confundas... Título: 1 - O FUTURO É SEMPRE HOJE 2 - QUANDO FALAMOS DE AMANHÃ 1 - PORQUE NÃO HOJE 2 - Passo.
Terça-feira, Novembro 23, 2004 6:28:00 PM  
Blogger Assim said...
CONVERSO - Quem se mete por atalhos mete-se em trabalhos! - O amor é um atalho? - A fotografia era, é a imagem do poema. - Se assim o dizes... COM DOIS POEMAS 1 * PERFEIÇÃO pego numa ideia, fotografo-a e... nada. virado para a luz, mais que impressionado... telegrafo agora a compasso de teclas que não são essa usada para fazer o telégrafo funcionar em código morse escreveria o amor feito com carácter de urgência, mas no mundo não há a...* 2 SEM ESCOLHA pego numa ideia, fotografo e... nada. virado para a luz, mais que impressionado... a palavra brilha doida, plural e... arde. virado para a luz, estendo as mãos ao fogo...
Terça-feira, Novembro 23, 2004 7:03:00 PM  
Blogger Assim said...
Evito as maiúsculas, ... também eu devia evitar as maiúsculas; o texto respira ao nível das minúsculas, só as pausas são exactas e perfeitas: preenchidos pontos.
Terça-feira, Novembro 23, 2004 7:04:00 PM  
Blogger Assim said...
E UM TERCEIRO 3 DES_MESURA_DA_... o amor resume a minha vida, re-sume sem deixar resíduos é apenas um vestígio perma- nente sinal: sobre a palavra amor, nada mais posso dizer a não ser que só ele me diz!! desmesuradamente enorme!
Terça-feira, Novembro 23, 2004 7:08:00 PM

4

romance?

Para te responder estive-me a ler, duplamente leitor: duplamente lendo o que escrevi em duplicado, duplamente eu que escrevi e agora leio.

No que escrevi dizia, previa, por aí..., calculo calculava: imaginei que não seria fácil responderes ao que escrevi. Demorou alguns dias, finalmente escreveste como poderias não ter escrito. A ausência também pode ser uma resposta da leitura, geralmente não é. De tal modo o abandono é banal, uma não resposta duma leitura pode não ter, não guardar, não dar nenhum sinal.
Como no fim de me ler ainda te pude ler, até sei quem és. Agora saber quem sou é mais problemático *, resolveste responder com uma pergunta. É uma resposta que é uma resposta mas não dá uma resposta, aceita de algum modo a proposta ou não se teme da proposição:
«Serás a secreta alma feminina dum romance, alguém para quem escrevo.
Não imagino como me possas responder, limitar-me-ei a constatar. Agradeço as tuas palavras, aproprio-me delas, faço-me teu.»
Não satisfeito retomo as palavras escritas e lidas relidas, lidadas de novo.
Não, não há romance algum.
Não pode haver sem que tu escrevas. Dirás:
- Podes ir ver o que eu escrevo, o que publico no blog.
Não, não é a mesma coisa.
Também eu comecei um blog, não me peças para o ler, posso descrever-to. Dizê-lo por palavras, dá-lo a ver?
Fá-lo-ei se voltares a escrever.
*
Na verdade simplifico, exponho-me completamente e deixo contigo a decisão que decidires tomar:- Eu sou aquele que decidires imaginar quando escreveres para mim. Mais importante do que te dizer quem sou, será tu dizeres-me quem queres que eu seja?
Eu sou... Vou agora dizer: eu serei ou eu penso...
Não quererás que eu seja quem tu queres que seja, para ti seria errado esse desejo. Não és uma personagem, procuras autenticidade.
Não trocas o melhor personagem, o mais ideal, por uma pessoa autentica: alguém capaz de te surpreender, alguém capaz de responder à tua pergunta, alguém portador duma resposta, alguém...
- - - Eu sou alguém, garantidamente eu sou alguém.
Não sei é se estás preparada para que eu seja - alguém que se invente - a partir do conhecimento que venha a ter de ti?
Ainda nem sequer temos uma fórmula para nos despedirmos, dispo as palvras até à última e deixo-as ficar. Mas utilizo uma fórmula social: fica bem.
Ah, deixa-me dizer uma coisa que acho devo dizer, não te conheço...

5

presente no presente!

Quem és tu?
És capaz de responder a esta pergunta? Só aparentemente parece simples, referindo-se às aparências é. Sou quem aparento ser: sou quem te escreve. Continuando a este nível de ser como nos apresentamos, serei sempre presente no presente (palavras de quem sente)!...

6

quem és tu? 

Responder a esta pergunta, só aparentemente parece simples. Referindo-se às aparências é, sou, quem aparento ser: sou quem te escreve.
És capaz de responder a esta pergunta? Só aparentemente parece simples, referindo-se às aparências...
“apago e torno a escrever e torno a apagar” quem lê deve poder ler-se, conhecer a sua presença, reconhecer-se, este é um dos protocolos mais importantes da leitura. Onde estamos naquilo que um outro escreveu, é decerto onde habitamos a imaginação. A partilha da imaginação é a melhor coisa da natureza: só se partilha por inteiro, recebes e dás, em partes iguais.
No que toca à dádiva, não duvides: recebi e agradeço a tua carta.

7

o que é que...

O que é que
pode acontecer
à beira-mar
olhando o longe
para o horizonte?


Comentário:
Blogger Assim said...
Posso fabricar o tempo, voltar ao passado, escrever o presente. Aos poucos, irei passando o que ficou.
Domingo, Dezembro 26, 2004 1:51:00 PM  

8

pode acontecer

O que é que pode acontecer à beira-mar olhando o horizonte sem vela à vista? Vê-la sem a ver, imaginar vela, asa, voo, voar até a ver… haver. Haver o sonho e partilhá-lo contigo: hip-ó-tese!
Viajo, o destino é esse, amanhã à tarde estarei no Cartola, na Praça. Poderás ver-me e receber um sms: “Cá estou, deixo as palavras guardarem os sons, aguardo-te. Agrado-te? Poderás responder: − Eu…”
Sim, numa hora, à uma hora para tudo: 15-16h, 15:30h?
“Eu sou a da Rosa!”, olharei teu peito e saberei. Ver-me-ás a abrir este caderno onde escrevo, estarei com um sorriso nos lábios.

9

do infinito

Já me conhecias enquanto Assim?

DO INFINITO ENQUANTO PROBABILIDADE PROVÁVEL
− Trata de quê?
− De ti, meu amor.

10

coisas

Ter um caderno para escrever apontamentos como este, feito como quem olha a imagem num espelho. Procuro olhar nos olhos... não os olhos, mas o olhar. Fica pois esta aproximação do corpo como portador dum espírito? Evoco o génio da lâmpada habitante da carga da esferográfica, esfregando a esfera, fazendo-a rolar. Perante os gestos sigo um rasto da dança, sou criança que se diverte a pensar que pensar a pode fazer voar, só tenho de (a)prender a linha do papagaio de papel (a pipa brasileira) da mão que escreve.
Deixo a descrição sem saber para o que ela serve, mas querendo fazer deste olhar a pintura onde o pintor deixa a imaginação dos objectos nas suas imagens. São pois as frases, as palavras, sinais e coisas ideais, capazes de dizer a vós a voz com que me sinto acompanhado a sentir, a dizer: coisas.
Coisas, encontro este texto manuscrito no interior dum cartão grosso e pardo dum cartuxo de mercearia antigo, do tempo dos meus avós. Tem uma data, escrita com outra letra, minha Avó guardando "coisas" do Avô? Não é, a data ainda a escreverei − eu, reescrevendo a história, talvez deixando-a... Assim, sem data.

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

11

e-vocação

Se um heterónimo tem avô, é Pessoa.

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frase imitando um cão a fazer um ninho

Escrevo, quem ler poderá escrever as mesmas palavras. Palavras, com que escrevemos… Escrever tem por condição necessária ser alfabetizado, escrever o alfabeto e com ele todo o possível: o possível e o necessário… A dificuldade está em ter uma escrita, transformar a escrita num registo é como ler um rasto e dar rosto ao acto de escrever.
Frase imitando um cão a fazer um ninho, nomeia a anterior que “descreve”.
Descrever, cá está uma palavra óptima! Óptimo, escrever as palavras com esplendor: uma ideia dentro da ideia, uma imagem na imaginação, a fotografia dum filme!

13

a fotografia no espelho

Tens capacidade de transmitir simpatia de forma irradiante (calor, luz, …) só com estes elementos onde a expressão surge (apreendida da compreensão e entendimento…) com o rasto dum rosto, vestígios… Desta residual presença da voz, do olhar, do paladar, olfacto e tacto, sinto que os sentidos se correspondem sentimento, isto é leitura e isto é isto que escrever é. Quando aqui nos encontramos estamos onde nos encontrámos, onde nos conhecemos.
A fotografia no espelho do teu rosto, composição em torno da posição contigua à tua presença.

14

biografia

QUINTANA, POR QUINTANA
(um texto autobiográfico do poeta gaúcho Mário Quintana - 1906-1994)
Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906.
Creio que foi a principal coisa que me aconteceu.
E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo.
Bem, eu sempre achei que toda confissão
não transfigurada pela arte é indecente.
Minha vida está nos meus poemas,
meus poemas são eu mesmo,
nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão.
Ah, mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas...
Aí vai! Estou com 78 anos, mas idades só há duas:
ou se está vivo ou morto.
Neste último caso é idade demais,
pois foi-nos prometida a eternidade.
Nasci do rigor do inverno, temperatura: 1 grau;
e ainda por cima prematuramente,
o que me deixava meio complexado,
pois achava que não estava pronto.
Até que um dia descobri que alguém
tão completo como Winston Churchill nascera prematuro
- o mesmo tendo acontecido a Sir Isaac Newton!
Excusez du peu...
Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim.
Dizem que sou modesto. Pelo contrário,
sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi
algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação,
um anseio de auto-superação.
Um poeta satisfeito não satisfaz.
Dizem que sou tímido. Nada disso,
sou é caladão, introspectivo.
Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos.
Só por não poderem ser chatos como os outros?
Exatamente por execrar a chatice,
a longuidão, é que eu adoro a síntese.
Outro elemento da poesia é a busca da forma
(não da fôrma), a dosagem das palavras.
Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido
prático de farmácia durante cinco anos.
Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade,
de Alberto de Oliveira, de Érico Veríssimo
- que bem sabem (ou souberam)
o que é a luta amorosa com as palavras.

Este texto chegou-me por email,
sem configuração, desconfigurado.
Fui eliminando os muitos sinais >
(maior que...) e deixando ficar esta
“forma livre”.
Resolvi re-nascer no Natal,
para biografia serve-me a do Quintana,
donde saliento:
«a principal coisa que me aconteceu», nascer.

15

A.

Tens capacidade de transmitir simpatia de forma irradiante (calor, luz, …) só com estes elementos onde a expressão surge (apreendida da compreensão e entendimento…) com o rasto dum rosto, vestígios… Desta residual presença da voz, do olhar, do paladar, olfacto e tacto, sinto que os sentidos se correspondem sentimento, isto é leitura e isto é isto que escrever é. Quando aqui nos encontramos estamos onde nos encontrámos, onde nos conhecemos. Conhecer-te sem precisar das palavras, mais que ampliar imagem (aprofundar, compor… à compositor) foi bom. Assim, desta forma simples e directa: poderia ter beijado sua/tua testa!...
Entre nós sempre deixaremos aquilo que criámos, a intuição de intuir intuição e partilhar o indizível do dizer, partilhar prazer dum saber com sabor que não é nada em especial: é isto, este especial sentir, a partilha.
Amiga, à amizade!

16

a cena dum cenário, acena

Deves ter uns olhos lindos... que seja essa a causa e este o e-feito:

Devo dizer e essa é a verdade, só a verdade, toda a verdade: devo dizer que te quero ver! Não devo, é bom de ver, só devemos o que não temos pago e eu acabo de pagar o que devia. E fica assim? Está pago! Apago?...
Acabei de escrever um poema com um A., Anónimo. Tenho na sala um espelho de corpo inteiro num suporte estilizado, serve de tudo: escultura, biombo, espelho… Quando quero ser Anónimo, vou olhar as suas costas e, à altura dos olhos, passarei a ler:

BEBA BELA, BEBA… BELEZA!
Os mistérios da vida e do amor
estão servidos, prontos, ao dispor
Agitados, misturados, prontos a ser
servidos onde agora mesmo estás a ler
São apenas esta leveza quase insistente
onde se resume em síntese o existente
Versos que te falam da beleza do sentir
quando entregue ao sentido dança devir
Agora acaba a música e fica com a beleza
a sonhar com o sentido no que foi leveza
A.

Lembrar-me-ei sempre de ti!

17

comentário(s)

Fiz o seguinte comentário [hoje, no dia 27 de Novembro]:
«Posso fabricar o tempo, voltar ao passado, escrever o presente. Aos poucos, irei passando o que ficou», surgiu no meu email. Encontrei a explicação em inglês…
«The information you provide on this form will not be used for anything other than sending the email to your friend. This feature is not to be used for advertising or excessive self-promotion.»
Comentar(ei) os comentários.

18

a minha vida

A minha vida?, uma aventura. Fui para a cozinha para preparar uma couve, abri o saco de plástico tirado do frio e estava cheia de caracóis. Começam a acordar, a correr, não faço mais nada: salto para cima duma cadeira pensando chamar a vizinha.
Estranhamente estava calmo, lembrei-me que ela não está. Finalmente, também me lembrei que sou o herói, as coisas compuseram-se. Vou ver o cozinhado que está a fazer.

20

esta lógica minúscula

Ficava melhor aqui “evocação” e “coisas”, teria talvez até mais significado e seria mais sentido como sentido, mas deixo-me reger por uma lógica minúscula. Esta, quase igual a si mesma, se-me-lhan-te a nada, encantadora como só tu − na segunda pessoa do singular ou em qualquer outra. Dou o caso por arrumado, fica como uma questão de arrumação: uma violência, esta lógica minúscula…

19

emoções

Um pouco de emoção, ah!...
E até mataria o autor, ele ou eu,
com uma apoplexia, duas, três!...
Pus
me
a
pôr
em
versos…

(...) os poetas (...), esses briguentos seres desequilibrados, que falsamente se intitulam apóstolos,
mas,
em dupla, roem a carne do terceiro. Os poetas, que cantam a pureza, mas que passam ao largo
até das proximidades de um banho.
Os poetas
que esmolam de todos, até dos mendigos,
só uma pequena chamada, só um pouco de carinho,
só esmolam uma estatuazinha na esquina,
a esmola da imortalidade dos mortais,
esses cabeças-de-vento, invejosos,
pálidos masturbadores,
que venderiam sua alma por uma rima,
por uma indicação,
que expõem no mercado seus segredos mais íntimos,
que tiram vantagem até da morte de pais,
mães, filhos, e mais tarde, anos passados,
‘numa noite de inspiração’,
quebram suas tumbas, abrem seus caixões,
e com a lanterna de gatunos da vaidade
pesquisam ‘emoções’,
como ladrões de tumbas procuram dentes de ouro e jóias,
depois confessam e se arrependem,
esses necrófilos, esses feirantes.
Desculpem, mas eu os odeio.
Dezsö Kosztolányi, poeta e romancista húngaro ( 1885-1936)

Amo a prosa onde a poesia é uma realidade palpável, aquela que me dá a pausa onde vejo o verso, aquela que invento a par e passo…
Amo a prosa que me dás a ler, porque [(te)r, raios e coriscos…] amo. Por isso escrevo para ti e te invento, em prosa.
Amo a prosa quando ela desagua na Lua e se diz nua, despida, transida de evidência, como se posse capaz de ter [(te)r]... calor e frio.
Amo a prosa porque não converso nenhum verso capaz de se revelar, tudo é igual e diverso, move-se e confesso: aqui a fé que tenho é a que professo.
Amo a prosa com a paz da poesia, capaz da poesia: OM!

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

21

condição necessária

Escrever tem por condição necessária ser alfabetizado, escrever o alfabeto e com ele todo o possível: o possível e o necessário… A dificuldade está em ter uma escrita, transformar a escrita num registo é como ler um rasto e dar rosto ao acto de escrever. Este texto é parte, parte de: frase imitando um cão a fazer um ninho Escrevo, quem ler poderá escrever as mesmas palavras. Palavras, com que escrevemos… Escrever tem por condição necessária ser alfabetizado, escrever o alfabeto e com ele todo o possível: o possível e o necessário… A dificuldade está em ter uma escrita, transformar a escrita num registo é como ler um rasto e dar rosto ao acto de escrever. Frase imitando um cão a fazer um ninho, nomeia a anterior que “descreve”. Descrever, cá está uma palavra óptima! Óptimo, escrever as palavras com esplendor: uma ideia dentro da ideia, uma imagem na imaginação, a fotografia dum filme!
http://vertoblogando.blogspot.com/2004/12/frase-imitando-um-co-fazer-um-ninho.html

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res-posta num salto

Respondes, acabas de responder, ou sou eu que estou a ler, acabas de escrever? Apanhas-me a fazer poesia, como cantaria canções ou tocaria música. Não fossem as palavras estes animais sensíveis que requerem a minha atenção, desatento se não tento, atento, tratar delas. Felinas, amigas e inusuais como só a imaginação as procura e caça: fazendo a cedilha ao ç, sei lá!... E interessa, se interessa!! Vamos encontrar-nos? Pensa nisso, enquanto continuo a ler-te − imaginação minha.
Estou morto por perder a imaginação!

23

Noz

Tu não sabes como os poetas são sensíveis? Será necessário perguntar: “Ficaste sem palavras?…”. A verdade é esta, é qualquer, qualquer coisa… é boa para nós! Sim, noz! Fruto seco…, grande engano! Voz! Fala, semente, se-mente… Acredito em ti, principalmente quando não escreves logo, não tenho nada.
Concordemos numa coisa, se não dermos corda… a cor de-sa-pa-re-ce. Parece? É certo! Por isso… todos os dias penso em ti! Quando me lembro…, às vezes várias vezes ao dia (para dar para algum dia que já nem lembro).
Vou… sair.

24

Noz

Tu não sabes como os poetas são sensíveis? Será necessário perguntar: “Ficaste sem palavras?…”. A verdade é esta, é qualquer, qualquer coisa… é boa para nós! Sim, noz! Fruto seco…, grande engano! Voz! Fala, semente, se-mente… Acredito em ti, principalmente quando não escreves logo, não tenho nada.
Concordemos numa coisa, se não dermos corda… a cor de-sa-pa-re-ce. Parece? É certo! Por isso… todos os dias penso em ti! Quando me lembro…, às vezes várias vezes ao dia (para dar para algum dia que já nem lembro).
Vou… sair.

25

im-pro-viso

Escrevi “improvisações (em torno duma ideia)”, deu improvisos, exercício táctil da técnica, escrito em teclado. Aqui, ao teu lado…, em “rede”. Boa ideia…, como transcrever poesia em prosa? Como dizê-la… sem mostrá-la? Tentemos, deixemos os sinais sinalizar.
XXX// põe/ tri/ x! Aqui escrevi o título em maiúsculas, hoje mudei…
in_do_m/nada// pequeno poema,/ apenas o tamanho/ t_em (d)esta f(r)ase;
do nada…// indomada frase/ nómada, sal/ t_ando;
vago// uma ideia/ é como tudo/ na vida…;
gago// uuuma iiideiiiaaa// ééé commmoo tuuudo// naaa viiida…;
pago// uma ideia a pronto!/ sem letra nem sinal,/ ponto final.;
promoção// artigo de luxo,/ é vendido: pro-/ moção ao desbarato!;
fa_do// articulado, como o dizer/ dum fado, cantado de olhos/ fechados… e mão no coração!

26

haikai

Inspirei-me lendo os seus haikais, cuja leitura esteve presente durante a minha escrita, deixando rasto da expressão, rosto ou feição, dos seus versos. O que me chamou a atenção e me fez deter, foi seu último verso. Curioso, são pequenos aspectos a dar asas a novos projectos. Onde li:
Plenos de encanto
Os sapos nas lagoas
Cantam pras chuvas.
detive-me no “pras” e fui às “compras” da minha própria experiência que, tendo Passado, passava no Presente nada presente. Eu teria escrito “pelas”, introduziria uma “especi-ficação” menos precisa, “não longe” da natureza expressiva do haikai. Onde leio: parece aparece o aparente rente ao dizer em aliterações de suspensas acções de quem sente estes breves poemas de plena poesia. Quanto ao pelo de "pelas", acaricio a ideia: "cantam pelas chuvas", cantam durante as chuvas, chamam as chuvas, aclamam... Tudo em aberto, como com "pras" afinal.
Não o exponho, nem me exponho a dar uma sugestão, falei com o coração! Cumprimentos (ao escrever-lhe, escrevi-o… “link”)

27

blig

Na volta, estou a falar duns 10”, surge um personagem dando uma visão nova do tempo num… blig! É um blog com i, “bligar” é que não soa não bem. Gostei de ver os textos surgirem sem data individualizada, sem espaço para comentários: um cenário limpo.

28

leitor(es)

Não preciso imaginação, chegam os leitores, são “matéria prima” suficiente. Primo as teclas e salta um leitor, basta procurá-los! Escrever, é bom de ver…
Exactamente como em qualquer outra actividade, é mais fácil dizer. Fazer assemelha-se a uma a…, actividade, “e-vidente”. Este “e” electrónico, sincrónico “e-mediato”.
Ao terceiro parágrafo dou-me por feliz e seja como Deus Nosso Senhor quis, assim o queiramos. Eu prefiro os deuses, é essa a minha tradição, ser pantaísta. Matéria que dava para chegar ao Céu, vou ver o céu.

29

maca(m)búzio

Hoje, que me mandas o teu corpo em letras, encontras-me macambúzio a esta hora, búzio. Só te sei dizer o som do mar, é pouco (para te amar)… poço! Não posso…, poça!
Estou de maca…, morte macaca da inspiração! Não do te-… sou-ro que tu és para mim, feliz/mente.

30

tempo inteiro

Escrever a tempo inteiro, sem ter lucro em dinheiro, nem gastar tinta ao tinteiro, entretido a rimar remando…
Gostava de escrever para ti quando não escrevo para ninguém, nem sequer para mim, espectador.
Passo e ando e nada digo, sem ser essa a leitura que consigo, apenas aquela que sigo, digo, nada digo.
Se calha parar para pensar, começo a sentir o que faz sentido…
Procurar significados, desisto, assisto.
Prosa Fenícia, seria um nome. Estou mais virado para lado nenhum, fica (a) “tempo inteiro”.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

31

posta restante

Escrever é tão simples que até chateia, esta coisa aprendida em que classe? Presta-se para dizer disparates e coisas acertadas, resta. Restará, envio para a “posta restante” (a que sobra) …
Se hoje ficasse farto disto, era um só cego… sossego! “Não vi e não comento, a minha sombra hoje é a responsável pelo expediente, não estou cá!”, pensaria em voz baixa e da maneira mais (in)consequente.

32

diário

Quando me inspirar a ler saber-ei!... dizer, assinalar, palavras que escrever. Ex_er_ci_tar, exercer o estar e o citar o ex-tenso tempo d_um prazer de ler, prazer de escrever, prazer de responder, prazer… sempre. Todo este prazer para procurar fazer uma coisa difícil que deve ser fácil, eu nunca consegui ter um diário.

33

guloso

http://poemas-nus.blogspot.com/2004/12/natural-beleza.html

G(l)osei “A beleza natural/ dos seus versos”…

34

francisco

Outro sou, outro que eu seja, outro é. Você como eu estamos bem na vida, vivemos com ela em “comunhão de bens” e “união de facto”. A minha vida é minha, a sua vida é sua, é justo que assim seja. Olha cara, você pode assinar também os meus poemas, aliás, a vida é nossa! Ela é ávida, bem aja por isso, haja Vida!
Abraço.

35

manuel

Manuel Dias, você é um cara especial, já não o vejo desde que o conheci. Resolvi mandar este postal, como não sei sua direcção, fica mesmo por aqui. Amizade, camaradagem, boa parceria é mesmo contigo. Ainda devemos ter o mesmo site que tivemos, pelo menos como memória. Nunca mais lá fui, nem vou. A minha curiosidade é curiosa, não tem curiosidade nenhuma!
Abraço.

36

mim

Mim, você é e será, agora e sempre! Minha razão de ser gente, minha agente no mundo, na vida… claro. Hoje estou numa de escrever postais publicamente, sabe como sou pudico. É me indiferente andar nu em frente a toda a gente, falar de amor é como fazê-lo, tê-lo, lê-lo…? Tenho dúvida e é certa, tenho a certeza, não poderás aqui ler o que te digo. Apenas o farás, sabendo que o não digo.

37

explicação

É um projecto… É pró Jecto, o Jecto não fala português, nunca mais nos entendemos. Esta é uma explicação possível, outra é não dar nenhuma.
A outra explicação é melhor, esta é a possível.

38

voz

Um coro Grego parece excessivo, mas ter uma voz, que não fosse interior, para comunicar com cada um? Um heterónimo moldando na língua essa voz ou, essa voz, moldando de nós… Então saberia ampliar, dar eco…
Beijo.

39

natal

http://poemas-nus.blogspot.com/2004/12/natal_28.html

A pensar no Natal escrevi…
e “ganhei” um blog, pronto, disse: Presente!

40

ex_post_o post

Re-posta a resposta:
http://poemas-nus.blogspot.com/2004/12/provo-cao.html

Este sou eu… falta aqui acrescentar a imagem… de preferência a cores e bela, cheia de vida… como nas tuas fotos… factos. Estou em Portugal (ainda este mês estive aí no Brasil), não costumo usar fatos: o conjunto calça e casaco, estou de casaco de couro e calça de ganga, estou de férias, não tenho neste computador nenhuma imagem minha.
A minha provocação “provo c’ ação”, uma coisa a ver se pega… se com a acção provoca: curiosidade, tesão, acção… e a acção chegou: vc. Você simbólica/simbolizada por você mesmo… VC
Ando à procura duma musa da tusa, alguém com quem possa dizer caralho!... E ficar à sombra das palavras esperando você chegar, para fazer amor… o que desejar. Escolho um carvalho, uma árvore frondosa, mágica e mística que as duas coisas se associam na visão primordial das coisas, na sua energia!
Eu sou assim… beijos… ASSIM
Mandarei a minha foto quando a tiver, entretanto visita meu carvalho, se enterra em mim, se entrega, se… vier na volta do correio imaginarei tirar teu email da pata dum pombo correio, um microfilme sofisticado… cheio de emoção e…
Sua segunda foto, vestida de branco está mais pequena, muito pequena para o meu gosto da ver de perto… contrasta no entanto com a primeira, gostei muito das duas. Não sei se tenho “lata” de pedir a vc mais fotos não mandando nenhuma… Bom, fui mostrando o carvalho, o paraíso… onde em imaginação a espero… te quero bem!
Manda também poemas... os mais ousados... onde além de nua, como os poetas se despem em emoção, vc se entrega... Quero ouvir vc gemer... me encher da tusa que só o poeta usa... para chegar à expressão. Deste modo, espero não te doa a distância, voando... você voa e eu voo e vimo-nos, nos vemos, nus de preferência. Aqui aceno com a alma, é uma cena de filme a preto e branco, eu de lenço branco nu... Beijos... percorrendo... a distância e já aí.
Assim

A melhor definição para literatura é fazê-la… aventura!

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

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aponte_a_men_to…

http://poemas-nus.blogspot.com/2004/12/conhecer-o-devir.html
Quando terminei este poema escrevi e ficou − o escrito − como uma linha, semelhante aos versos anteriormente escritos, como uma nova e última estância:
Assim seja, Assim não seja!! Ler, lermo-nos, lermos como se o escrito fosse um “escrito”, um sinal… Às vezes habitar os espaços, o lugar das palavras, dá-nos um sentido “exótico” da (nossa) realidade.
Lido, lidando com a frase como se fosse um verso, um verso/poema, uma mensagem… é uma vertigem, uma imagem, um centro, e a dispersão de qualquer lugar: sair do próprio nome!!

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um contemporâneo

Traduzindo e versando prosa em verso, fiz um sublinhado para nomear... Passo do original à tradução, sem a dar por livre (qualquer erro, é público e será reparado)... Publicado em: http://www.imaginando.com/literatura/archivos/000038.html

BREVES APONTAMENTOS
PARA UMA POÉTICA
Carlos Barbarito (Buenos Aires, Argentina, 1955)

Complexo, raro ofício este
de trabalhar com as palavras.
Trabalho pessoal, solitário,
empreendido como uma aventura.
Labor que acarreta fadigas,
porque se irmana com a vigília.
Alguma vez terei dito,
ser poeta é ouvir vozes:
não estamos longe
da actividade do médium
nem de certas formas de loucura.
Oiço vozes, minhas vozes interiores,
e só a elas sou fiel
− fidelidade que, como toda
que tal precisa de ser,
não descarta a traição, inclusive,
sente prazer ante a ideia −.
Dito de outro modo:
a meio do poema, de súbito,
uma súbita derivação, um caminho
imprevisto, com frequência oposto
− isto fascina-me −.

Um poema, todo o poema,
é obra humana e, como toda a obra
feita pelo homem, é complexa.
Gil de Biedma sustenta, com razão,
que complexo é sinónimo de impuro.
E impuro significa − segundo o
dicionário −, mesclado com partículas
grosseiras ou estranhas a um corpo
ou matéria. Esta impureza é inseparável
da ideia de poesia, sem ela a poesia
seria como um Manet todo água
sem nenúfares, com a perca que isso
significa. O abraço dos amantes,
a poesia beba suores, gemidos, ligeiras
marcas de unhas na pele; doutro modo
a cena estaria separada da vida,
aconteceria estranha ao humano.
Não seria poesia, seria outra coisa,
pretenciosamente pura, etérea,
angelical, inumana.

Escrever um poema é um acto perigoso.
Empurra-nos tanto até ao centro
do mundo, até à medula de nós mesmos
e de vós, converte-nos em estrangeiros.
Isola-nos, exila, faz-nos estranhos.
O idioma que usa o poeta não é de todos
os dias, quotidiano; é, como bem disse
um contemporâneo, um dialecto.
Por mais que fale com palavras
do dicionário ou aparentemente comuns,
o que delas faz o poeta, é sua alquimia,
nas sucessivas destilações, em busca
de outros planos, doutras significações,
situa-as em outra parte, as aparenta
com a magia, as enche de poderes,
as converte em sistemas de espelhos,
em intrincados jardins. A poesia depara
descobrimentos mas, também, trás saudades.

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crescer

Há heterónimos sem nome, outros que outram a palavra sem procurarem uma nova personalidade: ser Assim não é para todos!... rs

Personalidade literária
flutuando no espaço
a leveza da cambraia
vestindo o que faço?

Piu!
Vejam como uma (v)oz se intercala nas quadras, novas quadras fazendo, alargando o poema… fazendo (o) crescer!
http://poemas-nus.blogspot.com/2004/12/provo-com-ao.html

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sim,

Pode querer, tudo o que eu pedi vc deu, amei! Agora tua foto, eu tinha que ver de frente!... Sabe, vc está de cabelo mais comprido, como saber que és tu? Mas linda, linda a foto e o fa(c)to… “língua portuguesa é muito traiçoeira”. Você, vestindo a sua pele fica a matar! Adorei e até faço de rei mago, haja uma estrelinha! Eu vou agradecer também o teu poema, de… Ainda bem fui escrevendo uns versos http://poemas-nus.blogspot.com/2004/12/a-e.html, porque fiquei sem palavras. O que eu digo de tua foto, digo de ti! E deixa dizer, se na foto não fosse vc e acredito seja… embora seja uma fotografia de arte, fotografo profissional? Tem de me contar tudo, até o que fez com o fotógrafo ou o que o fotografo fez para ter uma modelo assim.
Quase me tirou o folgo; sabe o que é tesão? É desejo indisfarçado, o corpo eriçado, um sei lá voluptuoso! As pontas de seus seios duras… o que eu não pude ver em você, mas te saberia descrever em mim, mas literatura… também tem tem-peratura e estou pondo água na fervura! Beijo, para ser desejo, simples(mente)…

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estudo

À noite sozinho na cama, dá um óptimo verso, melhor que: à noite acompanhado na cama. O ponto, a afinação, está nas palavras que diferem: sozinho, acompanhado; a primeira é mais coesa, na sua sonoridade.
À noite sozinho na cama
tendo a saudade por companhia
arrebato-me de amor e fantasia!
Como havemos de saber o que pensaria um poeta numa situação destas se não formos o poeta, cuja realidade teremos de imaginar, como é evidente? Esta será a razão suficiente para sentir o isolamento, a necessária será o estar só? Preencher a solidão com a saudade, esta será a condição a ter em função duma falta cuja ausência, sendo física, é uma presença idealizada.
Costuma ser deste modo a interpretação literária dos textos, esta é a da realidade para um texto. Em vez de ser uma desmontagem, é uma construção. Uma montagem, fazendo a desconstrução mental dum quadro reproduzido em teoria. Muito parecido com a actividade dos pintores, criando a figura das personagens, com a finalidade das integrar numa composição.
O poeta acaricia a coxa roliça
tecida de fina pele mestiça
cuja vida já o sono reclama
Juntando os dois tercetos, está feito um sexteto. A mais perfeita marca é gerar uma presença, a mestiça da coxa roliça, é cobiça. Cobiço a sua presença, é ela a ausência.
Poesia mestiça, na realidade, o desenho da tua presença é molde, é modelo. Se não fosses modelar, ficavas pelos cabelos! Como não te interessas, não interessa. Com-versa.

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bom sonhar

Lê este poema e me diz se estou errado, a poesia é um Teatro! Te amo, aqui e de quatro! Viu ou “vice”!?…
http://poemas-nus.blogspot.com/2004/12/bom-sonhar.html

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bom ano novo!

Cá estamos no ANO NOVO, espero por ti, com meus votos de feliz idade!

domingo, fevereiro 14, 2010

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beijos

Deixo que o dia comece sem me deitar, é o Ano Novo! Continuemos com Eros a influenciar as virtudes do conhecimento entre os sexos, nossa diferença, nossa mútua atracção. Continuarei a contar uma história… para gente com imaginação, sem necessidade de enredos, grandes enredos: o prazer e o gozo!
No barco vc é uma jovem a sonhar, tua inocência me faz vacilar, adorei o teu gosto de seleccionar tão singela foto, duma simplicidade sem par! A cor da camisola, o desenho do calção e como não notar o contraste com as costas ao léu, sua outra foto que veio junta, desfocando um pouco para deixar a ternura com tremuras, vendo teu corpo todo nu. A mancha da cabeleira, em tuas costas. Gostei, amiga.
Começo pelas costas ao léu, no barco vc ficará para sempre na memória duma infância do nosso relacionamento que não chegamos a ter. Poiso, apenas meu braço, nos teus ombros. Aconchego-te sob esse afago, olho contigo o horizonte. Sinto a agradável temperatura do teu corpo fluindo no ar com teu aroma, a ferir-me em feromonas mansas, nosso prazer é aí feito de cumplicidade e simpatia, nutrida por um prazer comum por tudo, por estar ali…
De costas ao léu vc tem de pedir, ajoelhar primeiro, abrir minha carcela e deixar sair o bicho por essa cancela, hoje nada te direi! Mas a verdade é outra, vc deitou distraída e sou eu que entro na foto. Não a mandou, é o acaso e o destino a mandar em nós. Vai dar ao mesmo, não te direi o que farei, sem vc primeiro ajoelhar… Beijos, como e quando… calhar.

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halografia

Há uma diferença importante entre uma coisa que existe e uma que não existe, numa “alografia” existe um erro que é uma marca pessoal, única e inimitável!... Agora num halo a tua imagem iluminada é dança, a halografia é uma criança para a imaginação... onde te chamo: chama!

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amor

Se explicasse o que quis dizer com o poema que acabei de escrever, começaria por to ler, reler, dizer… as palavras uma por uma, saborear a areia da praia… ser espuma. Não há explicação possível para um silêncio que nos ensina o canto e o encanto, a magia dos sons. A física da escrita não existe, Amor, o que existe és tu.

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Imaginar-te/ tira-me o ar

És uma potra, uma éguinha, uma potranca!
Ver-te a correr à beira-mar deixa-me sem ar
para respirar a normalidade que fica
imprópria para consumo, a escorrer
a lascívia da minha excitação: depravação!
Nada mais imbecil que ser inútil…, assim
talvez não, mas silenciando, como não?

Aqui tens um poema que nunca poria no blog, há aqui realidade suficiente para que me afogue! E eu não imagino, vejo, oiço, sinto... desejo!

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heterónimo

Ser outro é estar para lá da ordem natural das coisas, é ser parte com a imaginação. Não há mais nada a dizer, nascemos do vazio do mundo. A poesia é a única sombra, uma sobra remota de nenhuma coisa em particular, de tudo no geral. O amor é a única coisa que sobra e não é sombra, só isso temos para partilhar. E não há outro lugar no mundo, só temos o corpo. Inventar as palavras não é um invento, é um veículo. Levas-nos de toda a parte a toda a parte e, no entanto, sabemos que só o corpo nos pertence: são assim as palavras dum heterónimo, sombras, sobras, obras. Não vale nada, sem outro corpo. Por isso, heterónimo ou não, só há uma possibilidade real: escrever para os outros e, claro, eu escrevo para ti. Não te posso imaginar um homem, todos são outros como eu, não te posso imaginar uma mulher. O que fica, deve ser a tua ideia em mim, és tu: a mulher. Nada disto é trágico, estamos para lá da tragédia, é um teatro novo: a invenção. Nem pensar em encontrar, os encontros fazem parte do mundo como as palavras. As minhas palavras saem do mundo, são mundo, tu fazes parte de tudo: és para mim um mundo no mundo e, sobre ti, sou mudo, mudo…
Da imaginação em cima de todas as coisas, até todas as coisas em cima da imaginação, seria um título para este dizer, porque não dizer apenas: heterónimo! Como quem grita: − Eu sou Gerónimo! Mas, sem gritar, apenas: heterónimo.

Fazes-me falta
como as coisas,
aquelas inventadas
e depois esquecidas,
coisas que gostaria
de ter de novo: poemas

Tu és o meu poema
e, isso/isto, talvez seja…

trágico

heterónimo + trágico

Heterónimo trágico? Creio que não, sabe-se lá? Até aqui, nem por isso, nada disso.

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cartas

duas cartas sem tempo Muito tempo passou desde a minha última carta manuscrita, seja esta uma surpresa para os dois. Não estranhes a minha simplicidade em levar tudo a sério, acredita, ainda não tinha visto a água a correr nas costas da fotografia onde apareces com a mangueira passando entre as pernas, antes da água te molhar. Não a ti mas à imagem que me enviaste e para mim és tu…
Seria sem lógica querer explicar com lógica o fenómeno bacoco da minha credulidade crente, em tudo te vejo, mais que me deixar iluminar por ti, encandeias-me! E agradeço-te, sou muito mais feliz assim. Quanto à foto onde a língua saboreia à “sombra” da cabeça que não me deixa ver entre as tuas pernas, podia ser eu!
Curioso, dizer o outro lado “sombra”. Ainda para mais sendo o “outro lado” o rosto na cabeça, e, a língua a afundar-se, exercer uma função inovadora, sem sombra e sem sobra: obra… Obra traduzir este significado, exactamente onde ficamos dentro delas… fecundas aberturas de todo o conhecimento.
Também não esperes que use aqui a língua, sóbrio visito as so(m)bras… Mergulhei de cabeça nesta ideia de te escrever para me surpreender, segura-me na cabeça enquanto…
hoje
Quando olho para ti
surpreendo-me
com o pau na mão
em súbita excitação!

Começo a acariciá-lo
enquanto te conto
ter voltado
ontem

e
para
meu tesão
tu me beijas

e
ficamos nisto...

e... quem deseja acabar?

A minha cara de surpresa fica aí, olhando por cima duma mesa...
Sim, continua... Em breve te darei meu leite, derramado em tua boca, para ser mamado. Quente, escorrente, potente, meu pau te erga e te converta em puta soberba, cabra enrabada, onde deixo minha piça entalada, gozando teu cu, minha querida!

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resposta1

De certo modo, estava à tua espera desde que escrevo o b-log. Recebi o teu comentário nos “comentários”, lendo-o em email entregue, filtrado..., na lixeira do meu mail. Quase nada tenho a dizer, leio-te como escrevo. Tudo o que escreves eu poderia ter escrito, se fosse outro, ora...
Numero a minha resposta, todas as que te for dando serão uma continuidade. Como saber que te respondo a ti?... Assina Anónimo, Anónima?... para mim. Mim agradecerá, se quiser, não faço apresentações. Obrigado, agradecido, apreciado..., apreciei!
Comentando: http://vertoblogando.blogspot.com/2005/01/cartas.html
A minha ideia da numeração, é um convite.

sábado, fevereiro 13, 2010

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resposta2

que tal assim?
o blog só aceita comentários de quem está cadastrado ou como anônimo.
assinarei.
a.

Costuma escrever? Digo, tens a escrita como um hábito que habitas de forma pessoal? Qualquer pergunta, como esta, é uma forma de perguntar quem és.
Estive a arrumar o “ambiente de trabalho”, fotos e outros factos, actos... Encontrei um poema, meio lamecha, vou deixar nos POEMAS NUS. Acrescentando um verso, uma espécie de epígrafe: gerar, gerir, germinar... [e no POETRIX um que escrevi no último dia do ano e agora “posto”, farei post.]
Há textos que nos surpreendem, até (o) ser nossos... nossos ossos...
O texto que comentas-te, surpreendeu-te? Já me lias? Como descobriste?
Acho que nós nos revelamos para a escrita e a escrita nos revela, uso as mãos... procurando - no ar - uma expressão... para a qual as palavras parecem não ser suficientes. O gesto é inconclusivo, um mimo... sem saber o que dizer... Mimo essa mímica anímica e continuei, vou escrevendo.
Uma das fotos que guardei, sou apenas eu... apanhado de surpresa. Sou apanhado..., olho... sobre a mesa...
Gosto destas frases... que querem dizer... o que dizem, gosto da autonomia das palavras, poder absorve-las, observá-las.
Duplamente agradeço! Até para e por poder pensar, devo pensar... que também sou lido.
Dou a ler a tua escrita, como se a tivesse também “escrito”, para poder responder a ler/ a ver... Imagina, imaginei, comecei e agora acabo... a.

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oficina

No poema ser, «sendo, sido...», substitui uma exclamação por reticências...
Saber o que está bem, deve ser... sentir o que fica melhor. E isso varia, até “ferirmos um momento para a eternidade”! Por exemplo, encontrar a “imagem” para uma ideia, um verso...
criar
(in)completo
gerar, gerir, germinar..., em germinar deixo ficar:
gerar, germinar... e apercebes: (a)percebes, plenitude!
Um momento onde entrando ficamos - eternamente, estando para sempre - completos!

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navegação na/da escrita

Em questionando o amor destaquei a itálico mim e ti/ mimetismo, a ideia é que as coisas têm de lá estar, mas cabe-nos a nós mostrar. Esta verdade é mentira, cabe-nos descobrir, intuir...
Isto é válido para todos, leitores que somos.
Digamos não ser só a intuição, também ela. Hoje estive a fazer coincidir cada post “diário”, como sendo o último do dia. Deste modo, cada dia começa/acaba com o “diário” do dia.
Com isto quero dizer que todos os dias, a última coisa será fazer coincidir o “diário” com o minuto seguinte ao último post. Como se, um cão, levantando a perna, marcasse o seu último poste territorial, naquele dia.
É um diário sem texto, ligações apenas, remetendo para textos escritos ou transcritos: navegação nada escrita.

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oficina II

De manhã anotei no caderno:
Combater o excesso de testoster_ona e ser: um anarquista organizado!?!
Pensei transferir uma prosa, escrita no inicio do http://www.poe-tri-x.blogspot.com/ para este e apagar um post com link para o blog poe-tri-x, por ser uma experiência mal sucedida de falar em prosa da poesia, mostrando-a desse modo, rebatida em prosa. Deixei ficar...
O texto que escrevi ao iniciar poe-tri-x, passei-o para vertoblogando com a sua data:
condição necessária, 02:15 AM, 27 Dezembro 2004.

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indizível

Será este um prazer merecido? Só mesmo um desconhecido, não eu, faria esta pergunta. Deixo os dados da questão...
http://poemas-nus.blogspot.com/2005/01/ai-lamurias.html
Foi uma experiência curiosa seguir a sua ligação...
As palavras a fugirem marginais, a vagina duma ideia aberta, entumecida e quente, dela escorre um prazer urgente: entro urgente e saio gente... Urgiu dizer isto, Indizivel!... a.?

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sexta-feira, fevereiro 12, 2010

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Assim "said"...

Neste blog não me avisam, ainda, quando recebo comentários. Vou ver se sei solucionar... Era uma pena deixar de ler o indizivel prazer anónimo que, também eu, não sei como dizer...
http://poemas-nus.blogspot.com/2005/01/ai-lamurias.html
Apaguei este comentário: o indizível, só por definição é indizível, prefiro não ir pelas definições que tornam finito o infinito. Mesmo que o que digo nada queira dizer, acho bonito... Quem sabe Indizível te possas dizer?
Seria uma prazer.

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desafio: escrever

Há experiências que temos de vencer sozinhos, esta é uma delas: o exílio, desculpa-me...
Assim
http://desafioescrever.blogspot.com/2005/01/exerccio-10-telegrama.html

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à procura da poesia

Contar um conto que me entrou para as unhas ou se entranhou na alma ou está a estranhar o corpo e tem a história duma ideia para um poetrix, concebido como modelo aprendido e praticado. Tudo isto estava eu pensando olhando para o mar, bebendo um coco, deixando as ondas chegar até aos pés, rodear a cadeira enterrada na areia e virar caipirinha fresca, servida agora mesmo duma boca amiga fazendo gracinha, e, peguei na primeira palavra para o meu poetrix: servida...
Depois de começar a maior parte das coisas que vêm com emoção não podem parar, senão acabam sem chegar ao fim. Vou tentar apanhar a onda da ideia, mas é o corpo da amiga que encontra a “veia” que dizem ser necessária ao poeta, artista, criador, poetrixta incluído nesta lista...
Ser vida, sim foi por aí, a palavra a de-com-por-se para mim, servida! Sim, ela falou para mim, mas agora quero ouvi-la, mas entrou para dentro da memória... Deixei de olhar o mar e a amiga, para vir escrever um conto onde seja capaz dum canto, breve, um terceto formando quarteto... Mas, durando a actuação instrumental ainda em fase de afinação, temos: imaginação, memória e ilusão. Os outros instrumentos também são necessários, na intuição de ritmos aqui trabalhados por estes, sem esquecer nenhum outro.
Vim até casa, sento-me ao piano e teclo, as teclas do PC respondem dando letras e sinais, pontuando no écran a imagem viva duma música cursiva “à procura da poesia”. A memória afina sempre pela atenção, um diapasão precioso. Está no entanto na altura de limpar o registo, criar uma branca e preparar-me para saltar um hiato.
...“e ser [sangue e] vida em mim...”, Florbela Espanca

flor_bela

Espanca disse
a poesia a “ser...
vida em mim”!

Fica um vazio tão nítido, como sentir a morte: sentir que nada mais se sente, o momento esgota-se. Os dedos equilibram as unhas, as mãos equilibram os dedos, o equilíbrio prestes a desequilibrar-se. Está feito um poetrix? A certeza, incerta insere-se na conclusão como uma concussão, uma pancada a deixar um hematoma: toma! Confuso e contuso, vou procurar a amiga..., conduzo o conto daqui para fora.

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razão possível

Vou partir, parti. A intenção precede-me, sigo-a. Ela já não está aqui, já é, já foi. Eu fiquei um pouco para trás, para escrever para ti “as razões possíveis”. Não existem, só razões impossíveis aceitei, esta é uma delas: explicar-me.
Não sou eu que te deixo, foste tu que me deixaste e deixas-te..., ficas. O que havia entre nós estava reduzido a palavras, agora aumenta. Pois escrevo-te como quem faz um exercício, um longo exercício para quem ainda está aqui quase no princípio.
Apetecia-me falar-te de princípios e fins, seria imprescindível para dar uma dimensão ética ao caso. Quem sabe? Talvez lá chegue, mas não é o meu ponto de partida, nem de chegada. O talvez é inerente a uma hipótese, não mais provável que um talvez.
Escrevo para, da nossa companhia, deixar um despedida. Isto seria o meu desejo, fazer uma despedida. Dá para motivo, embora não tenha aqui princípio e o deixe sem fim, infinito. Gostaria de ficar, deixar estas palavras, em tua companhia.
Nunca as tuas palavras foram menos que uma boa presença, das minhas junto a ti não tenho más recordações. Certo, sou distraído, pode a distracção trair alguma memória que aches deveria ter e não tenho. Tanto quanto me lembro...
Tanto quanto me lembro, quero saibas como calma e repousante é esta conversa. Ontem não a acabei, aqui a recomeço. Espero assim a consigas sentir, à leitura, como uma conversa com estas palavras deixadas passadas no teclado.
Dito deste modo poderia dar a impressão errada de estar a transcrever, a passar... Estou a passar por elas, enquanto as tenho passando as mãos pelo teclado. Com algum automatismo, até já me consigo abstrair e observar escrevendo.
Tu reparas em tudo, reparas em tudo que reparas, reparas em muita coisa, tudo em que reparas são todas as coisas, todas as coisas em que reparas. Eu sempre reparei nisso, repararmos é irreparável, nem conseguimos parar. Não pares...
Gostaria de ficar, deixar estas palavras, em tua companhia. Se releres, escrevi isto. Reli e acho devo escrever sobre isto, não quer dizer nada. Tudo o que estive entre_tido a escrever foi para ti, é para ti, não me sinto tido nem achado.
Deixei-te como quem abandona o berço que me viu crescer à nascença, seguindo uma ideia de Pessoa, fosse ela qual fosse: aprendizagem directa! Traço da linha recta as curvas de tempo no debruar do espaço, circundando o interior!
Contigo sempre me escrevi em versos, deixo agora parágrafos como versos. Como te disse este exercício não passa disso, não corresponde a uma verdadeira necessidade. Venho despedir-me porque me vou embora, embora apenas vá... embora.
Nunca te direi adeus, deusa! Quando te esquecer, o que em mim eras tu, ainda serei eu, mesmo se isso é impensável. Permite este pensar retirar às palavras toda a poesia, tornar um tornear de ideias este dizer, sabê-lo como o sei: inútil.
Fazer uma despedida sem resposta, seria o meu objectivo vazio como um vazo vazio. Se não quero que me respondas é porque me é indiferente o que possas dizer, o que será sempre falso. A falsidade é uma idade que não tenho, nunca tive.
Nunca se diz adeus a uma musa, uso, abuso, usa, abusa... É empírica toda a teoria, sempre soube de ti tanto como sei de mim, sei tudo... Acabo por escrever para todos os outros, aqueles a quem pudesse dar este texto a ler, este exercício.
Gostaria de levar a sério esta ideia, escrever para os outros escrevendo para ti! Acontecem coisas estranhas a quem é capaz de entranhar a estranheza, a quem dela se desentranha fazendo poesia, essa coisa estranha... tudo isto: sit(i)o do tu...
Se não és tu a Indizível que se tornou invisível, é visível que o invisível é - a única coisa verdadeiramente visível - da estranheza, onde estranha se cruza com beleza! Obtendo, por aglutinação, toda a palavra que (a.) compõe a estranheza.
Está a acabar a página, adeus beleza! Adeus deusa! Adeus deus - duma dualidade - da nossa realidade: tu e eu! Teu.
Razão possível, ver http://poemas-nus.blogspot.com/2005/01/razo.html.
Verhttp://desafioescrever.blogspot.com/2004/12/exerccio-9-carta-de-despedida.html

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indízivel II

Indizível escreveu(-me) um comentix!...
(in)razão

razão
tenho eu, em
... não desesperar!
e DUPLIX:

indizível / dizer

quando palavras / se faz(em) emoção
dizem menos que silêncios, / o(s) som(ns) contido(s)
abre-se a noz: coração. / repercutindo 1 plural! Sol(is), voz!

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poesia

Indizível,

Eu sei
que o teu
coração não é
um fruto seco!
mas é bela a tua
bela imagem: noz!

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publicidade

http://geocities.yahoo.com.br/tempo_de_arraia
Limito-me a tornar aqui publico um livro que, mesmo lido a correr..., acho não devem perder.
Um abraço para o autor que não conheço, mas presta uma homenagem à terra, à vida, ao Homem. O que só é possível quando o próprio autor se fez actor, conseguindo, como é o caso, dar humanidade ao humano. Meu mano..., humano eu,
abraço.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

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interprete(m)

A Poesia, formalmente, é um jogo de palavras onde alguns se tornam poetas (como aos pontapés outros se tornam futebolistas). A realidade da poesia transcende a Poesia, também na Poesia a poesia é o máximo da nossa representação do mundo: é nela, dela, com ela, que conseguimos ir para além da imaginação, da razão e do sonho, interpretar a melodia de que nos fazemos... não autores e sim, intérpretes!
Sou um poeta como muitos outros, não quero ser poeta como mais ninguém: a arte não é um profissão, a não ser... de fé. Não sendo profissão, é (uma) profissão de Fé!...

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São Paulo

São Paulo

metrópole
cidade do mundo
um verso a galope
sem significado no fundo

Parabéns!
pelos 450 anos
aqui apenas representados
por uma breve quadra enquadrada
com esta quintilha a servir de quilha

e “o grau zero da escrita” como zero


Adicionado em: 13/1/04
Autor(a): Assim Mesmo
Dados geográficos: Brasileiro nascido em Portugal, heterónimo
E-Mail: assim_mesmo@yahoo.com

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a_postar

«SEM SENTIDO...AINDA...
O menino amuado. O duplo, obrigatório o único e o exato. O trajeto, o alvo a ponta da seta. O figurado metafórico abstrato. Os cinco através dos quais o mundo chega e o sexto que desafia o estrito. O amplo. O comando e os que se perdem se a cabeça por acaso encontra a pedra. Todos e nenhum! Cem sentidos sem sentido...ainda...
»

http://www.noliv.blogspot.com/

uso o centésimo sentido “sem sentido... ainda...”, também ele a dizer: gostei! Ah, "o centésimo" me decidiu a postar...

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breve

Ontem não vim, estou hoje. Venho na brevidade das palavras, breve. Deixarei o dia de ontem, mesmo assim... Vou passar um poema d’ontem, d’hoje farei o mesmo... Ah, deixo uma resposta que vou deixar...

Com sentido
e com sentimento,
consentido
com consentimento...

“Que fique
muito mal explicado”...

(a explicação está num comentário de antes-de-ontem)
Hoje cheguei aqui seguindo o aviso com teu comentário, agradeço.

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revelação

Manhã. Exercício de escrita: crianças num parque infantil.
Fotografia: uma criança em cima do escorrega, parada, sentada, as pernas na rampa. Não pode escorregar, iria aleijar outra que já desceu e está sentada na saída a apertar um sapato. Mais duas crianças, estas num baloiço de tábua apoiada num eixo central. Cena idêntica: uma em cima, outra em baixo. A criança mais forte senta-se quase no chão, na sua extremidade da tábua, de saias. A outra está suspensa, calma, olha para o escorrega. Apenas no baloiço suspenso duma trave o movimento não pára, é uma quinta criança. Este e os dois primeiros, aqueles; aquelas, as segundas.
Noite. Observo a foto digital; vou revelar, foi hoje.
http://desafioescrever.blogspot.com/2005/01/exerccio-11-crianas-em-aco.html

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

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comentário

# eu e os outros 8 há, no entanto, aquele momento fugaz, improvável, em que me sinto nua perante o outro, o quase desconhecido. nem tanto porque ele me lê, mais porque ele me toca.
# posted by Carla de Elsinore

Se fosse preciso, desnecessário outro motivo para conhecer desconhecidos, desde que saibam ler... por aqui!... rs
Assim 01.12.05 - 3:41 pm #

Acho que fiz bem em terminar num riso sem vogais, entregue às consoantes do riso. Mas parece insuficiente dar a ler sem mais leitura, regresso onde ainda não passei por completo, vou tentar ler... há, no entanto, aquele momento fugaz, improvável, em que me sinto nu perante o outro, o quase desconhecido. nem tanto porque ele me lê, mais porque ele me toca. O texto é o “outro” e revela-se “toca” que quero deixar inviolada, meu é mesmo um comentário desnecessário: a sua única validade, as palavras precisarem de sujeito e es_se ter sido e poder ser: és_se...

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sem teto

As palavras tocam, se as palavras são o teu corpo e toco nas tuas palavras, toco-te. Mas, é algo de muito íntimo, talvez até demais, tocar palavras alheias. Só que não gosto de deixar as palavras “alheias” quando por elas me deixo tocar...

Eu vou falar duma coisa que, a ser verdade, não é mentira. Eu gosto de ser fiel, mas não fiel de armazém, nem fiel de balança. Exactamente, fiel como se pensa quererá dizer uma pessoa que se diz fiel. No entanto nem todos os gostos satisfazemos por igual, muito menos da mesma maneira. Assim sou em relação à fidelidade, fiel a esse gosto, gosto.

Disse que isto é literatura..., porque é..., litera(l al)tura dum prazer da escrita que nasce no prazer de escrever e tudo suplanta! Eu estou a escrever para ti, para comunicar contigo, mas já não..., estou a falar com as palavras e..., por aqui ia... quando a fidelidade era tema. Agora temo já não seja, pragmático:
vou jantar. E, mais logo..., acabo por usar isto como um texto, um te(x)to de céu, uma abertura... Nuvem húmida passa, um beijo.

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abrigo

Abrigo em mim um “obrigado” para ti... ... uma aberta, qualquer coisa, “uma coisa esperta”... Ser aéreo, mesmo como sinónimo de distraído, é bom... recria um tempo onde a improvisação é um versão melhorada duma “conversa sobre nada”: estas coisas sérias que se dizem a brincar, fazendo lembrar coisas de brincar que há quem diga sério!
Qual a minha opinião sobre quem diz a sério coisas de brincar, “deixa-os poisar”... Sei lá! Deu-me para “fazer conversa”, coisa da treta... como se diz dalgumas conversas.

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porta

Só saiba dizer alguma coisa quem não saiba dizer nada, por aqui está tudo dito! O infinito abriu uma porta, as janelas são dos olhos, a alegoria é uma alegria! [ale(go)ria...] Quando esta mulher escreve, ninguém percebe o que quer, isso é o que lhe é deixado sem recado algum: a música ecoa no silêncio, é possível amá-la à distância. Sentir a boca, cada boca, o corpo, a visão mais louca! Nada é excessivo, o excesso está esgotado depois da ter amado!

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missa

Se é certo que a vida é breve e a morte lhe sucede, também é verdade haver no amor uma constância vi(n)da da Fé. Falar da imponderabilidade tem fácil desempenho, peço como objectivo outro objecto, ligado ao Amor por certo. Lembro a Mitologia que cria nos deuses dos quais se fazia, às explicações dando história, fantasia. Sejas tu meu objecto e o amor, sem asas, não mais que um projecto! Quanto à fé, logo pela manhã, desperto-a em mim, ainda antes do café. Querer? Crendo? Crente como toda a gente, aceito a glória do medo, o império da dúvida e as pequenas certezas de coisa nenhuma. Canto o amor e amuo se não suo, o que me leva a pedir ajuda para tão afoita missão onde cada missa [miss(iva)] nos dá a remissão dos pecados, celebrando a confissão dos corpos. Ámen!

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sentença

A persistência é uma ciência prática, feita de exercícios precisos como juízos onde a mesma decisão fica como sentença definitiva: o blog hoje atingiu a maioridade! É uma decisão digna da minha persistência, farta de juízo, verdade seja (a) dita.

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verruga

Se tão cedo atingiu a maioridade, a senilidade lhe será conferida com grande leviandade! Não é praga, nem prega, aliso o tecido da ideia, não tem qualquer ruga: a afirmação tem a vocação de verruga! Dedicar-se-á a ser... sinal?

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terça-feira, fevereiro 09, 2010

possibilidade

A possibilidade duma possibilidade, é a possibilidade do que se torna possível. Quererá isto dizer que, sem uma possibilidade, nada é possível? É bem possível.

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da arte

Da arte de conversar nada, improvisação distraída, à maiorida-de de um blog múltiplo: surpresa e certeza de leitura boa! http://vertoblogando.blogspot.com/2005/01/abrigo.html
Olá, abraço.
Acabei de ler o teu comentário a este “diário”, só faltam os s_eco_s e tentar não esquecer o g do blog...

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ver

Gosto de ler “Eu noutra versão”, seguir um link e encontrar... outro blog. Também gosto de ser um conjunto de “versões” cuja trama se trama... dentro do “Perfil Completo”, View my complete profile, (n)uma diversão múltipla.
Também gosto de escrever um comentário “Sem mitus”, transformado em “1 Mitus e Lendas”? É uma experiência...

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à parte

Se visitarem Fora do Mundo, podem encontrar: A parte
No metro, um frustrado sexual encosta-se a uma frustrada sexual (ou vice-versa), que lhe diz: «Muito obrigado pela parte que me toca». [P.M.]
posted by p @ 7:00:24 PM

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sem dúvida

Hoje senti saudades do meu próprio blog e resolvi fazer um comentário a coisa nenhuma ou escrever outra coisa qualquer, entre uma possibilidade e outra, escrever esta possibilidade de estar vivo sem qualquer espécie de dúvida a não ser qual possa ser a espécie da Dúvida, a substantiva, a mais substancial de todas. Não trazendo nenhuma, com nenhuma fiquei, continuei entregue a tentar fazer um raciocínio sobre probabilidades. Considerei dispensável, limitei-me a estes limites no aquém.
Decidi passar além, seguindo o mesmo inefável sentido de orientação seguido até aqui: escrever o que estiver escrito depois do dito estar dito, tido. Jogar no interior das palavras o destino das letras, disse.

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no conjuntivo

Façamos um diário quando já desistimos do fazer, os dias nas palavras não escapam ao registo de letras associadas entre si como moléculas dum corpo onde, levantando o testo do caldeirão da escrita, temos o texto.

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o conto de hoje

Vou-lhe contar assim, sem mais, como as coisas acontecem... quando nos surpreendem. Conheci você por acaso, por acaso nem a conheci, fiquei a saber da sua existência e a corresponder-me consigo.
A um poema erótico correspondi com um texto hipnótico, um paleio gótico... era ainda o primeiro contacto. Na verdade era já um segundo conto, ao primeiro não respondera, não correspondera. Julgava eu perceber por quê, mesmo sem perceber nada, nada havia para perceber: você autora, eu um “outro” que nem se apresentou.
Ainda por cima mandei um conto cuja heroína é uma mulher, nem sequer assinei e mandei assim, sem mais nem menos. Sim, nem esse cuidado mínimo de dizer quem sou, ou seja, sem cuidado nenhum. Seria quase como fazer sexo com um desconhecido sem usar preservativo, ideia convidativa diga-se de passagem não fora ser bobagem... sem conseguir ao menos olhar o rosto. Sobre tudo, falta aqui o ponto: sentir o corpo!
Mas, como dizer Não quando começa a apetecer dizer... Sim? O corpo vai crescendo, é sexo. Certo, sabido, “Apetece ser lambido”! Digo eu, fazendo-a entrar, a si, com este pretexto para o meu texto. Pondo-lhe na boca estas palavras, como seja sua a frase, o dito: - Apetecia ser lambido!... Ofereço-lho assim, erguido! A exclamação a surgir, repetida, à frente dos seus olhos! Perto de tua boca, teus lábios, teu desejo, meu, nosso desejo... vou escrevendo.
É com esta arte da ir tocando que, a pouco e pouco, vou penetrando seu corpo... textual, como meu corpo, este texto. Avanço e sinto-a balançar, começar interiormente a ficar... nua. É um movimento interior, não lhe sei explicar, sinto-a. Ninguém melhor que você para dizer como é, como se deixa... fazer/dizer? F... febril, a temperatura subiu. A exclamação d’ à pouco já não está à mão, para acariciar essa ideia como se fosse alheia: - Apetecia ser lambido!...
Agora é você a pensar-me, a fazer-me dentro da sua cabeça. Eu já não a consigo pensar de fora, entrei na sua cabeça, estou na tua vida, quero a nossa Língua... Converti o meu ser em sexo e sirvo-lho agora erguido à sua frente: falo, sou macho!
Não é só o narrador do conto que mudou, nem o conto que é outro, é a proximidade. Agora estou aqui a querer entrar-lhe pelos olhos dentro, todos... E isto despido, nu, em pele, no pelo! Agressivamente carente, esperando-a erguido como um artigo definido indefinido, o... O que se ergue perante ti, todo! Todo ele, todo eu, todo o... Todo ele.
Esta experiência, esta a de te sentir e não saber distinguir a tua língua da minha. Mergulhar a língua na tua língua, sem ser capaz de mandar uma boca: - Como beijas bem!? Grudados, as bocas coladas, calados, deixando falar o corpo todo. Acaricio a fenda erótica do teu corpo, o sentido do texto toca-nos, numa semiótica total. O paleio gótico é agora quase vital, considerações profundas como as que resultam da leitura dum texto essencial de Roland Barthes, “Le Plaisir du texte”.
Encosto o meu corpo ao teu e segredo-te ao ouvido: “Je t’aime”!... Digo-o quase gemendo, abraças-me e desces pelo meu corpo percorrendo-me ávida, pensando poder ser salva pelo Fim, chegar ao fim do texto. Nem sabes como o vais meter na boca e saborear, sílaba a silaba, até salivar tanto como eu me entrego quando me vier na tua boca!
Já não sou palavras minhas, sou palavras tuas para as quais procuras o tempo, o modo, as flexões do verbo e falas... Fá-las nossas! Relê o texto desde o inicio, quando fores capaz do articular movendo a boca, dizendo as palavras de forma nítida e clara... Estar-me-ás fazendo, serei teu.