quinta-feira, fevereiro 17, 2005

leia

Data: Thu, 17 Feb 2005 07:47:05 -0300
De: "Tarcisio Costa" <tarcisio_costa@terra.com.br>
Assunto: Leia
Conselhos de Bill Gates!
Aqui estão alguns conselhos que Bill Gates recentemente ditou em uma conferência em uma escola secundária sobre 11 coisas que estudantes não aprenderiam na escola.
Ele fala sobre como a "política educacional de vida fácil para as Crianças" têm criado uma geração sem conceito da realidade, e como esta política têm levado as pessoas a falharem em suas vidas posteriores à escola.
Muito conciso, todos esperavam que ele fosse fazer um discurso de uma hora ou mais... Bill Gates falou por menos de 5 minutos, foi aplaudido por mais de 10 minutos sem parar, agradeceu e foi embora em seu helicóptero a jato...
Regra 1:A vida não é fácil: - acostume-se com isso.
Regra 2: O mundo não está preocupado com a sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele ANTES de sentir-se bem com você mesmo.
Regra 3: Você não ganhará R$ 20.000 por mês assim que sair da escola. Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e telefone.
Regra 4: Se você acha seu professor rude, espere até ter um Chefe. Ele não terá pena de você.
Regra 5: Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Seus avós têm uma palavra diferente para isso: eles chamam de oportunidade.
Regra 6: Se você fracassar, não é culpa de seus pais. Então não lamente seus erros, aprenda com eles.
Regra 7: Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são "ridículos". Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.
Regra 8: Sua escola pode ter eliminado a distinção entre Vencedores e Perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece com absolutamente NADA na vida real. Se pisar na bola, está despedido..., RUA!!!!! Faça certo da primeira vez!
Regra 9: A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.
Regra 10: Televisão NÃO é vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a boate e ir trabalhar.
Regra 11: Seja legal com os CDFs (aqueles estudantes que os demais julgam que são uns "babacas" (bobos)). Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar PARA um deles.

blog g2

Já leu blog g1? Continuação...

Trabalho numa loja e todos os dias vejo entrar um rapaz de quem gosto, já explico. Para o efeito tenho de sair do "blog g" para dar um giro na na(rra)tiva, ver se isto anda para a frente.
Gosto do rapaz, porque gosto de tudo nele. Menos pelo motivo pelo qual o vejo, entra para comprar tabaco. Mas quem me impressiona mais é um homem, é assim... alto e escreve.
Todos os dias me trás um postal: uma fotografia impressa numa folha, por baixo imprime um curto texto.
- Curto!
Diz ele que sou eu que escrevo aquelas histórias...
Cor_relacionar as histórias duma história é a arte dos narra_dores, esta alegria! Visuali_zemos o blog g, con_ti_nu_and_o-o
Ó p´ra mim a postos, a fazer um "post"! Posto isto...
varrido
Hoje tive um pesadelo e acordei a tremer, temendo cair da trave a baixo. Tinham-me nascido asas nas costas, no peito, nas pernas, dos braços gelava friorento e falho, como pássaro aleijado. Abri os braços desejando voar, estilhacei o silêncio da noite gritando palavras obscenas, inventadas por um anti-cristo louco, varrido, desvairado, sem nexo, de sexo inchado. Tinha um abcesso num dente, a cara deformada.
As penas imaginei-as brancas como as duma coruja albina de olhos vermelhos, brancas como as dos anjos arcanjos voadores incendiados de olhos deslumbrados, deslumbrantes! O abcesso, um excesso...
luar e sombras
Ouvi uma voz vinda da cela da jovem e percebi que orava, elevando as palavras para ser ouvida pela Lua Cheia enchendo a noite de luar e sombras estáticas dos objectos hirtos. Da arquitectura de escadas, paredes, janelas, pilares, muros, vasos vazios e quebrados, um sino… na torre da igreja onde moro com a coruja que se alimenta de ratos apanhados a estas horas da noite, onde as garras ferem e o bico dela entra a carne, depois de rasgar a pele esgarçando o corpo, ainda vivo, até estar morto e comido.
Quase caio abaixo do poleiro “encurojando” a história e tentando voar guiada pelo instinto, a necessitar duns copos de tinto. Penso eu, guiada pelo instinto... As saias arrancadas pelo chão... gótica!
caótica
A jovem é usada, violada, maltratada, tudo e nada. Na maior parte do dia delira, canta, ri e chora. Tenho-a ouvido repetir a sua história vezes sem conta, sempre de maneira diferente, até chegar à exaustão dum sentido ou da sua possibilidade. Explorando até aos confins do razoável a imaginação, enveredando por uma ficção caótica onde descreve medos como se fossem seres vivos ou outras pessoas.
Não quero pensar o que pensa o autor, prefiro que ele me use. O autor é sempre a parte mais real dum texto, a mais irreal, aquela que atrai “o raio que o parta”! Isto porque me sinto um pára-raios...
empenho
O isolamento faz o ruído de unhas tentando escrever na ardósia dum quadro negro o som dum giz riscando a branco a invisibilidade impalpável das sensações gastas pelas unhas gastas que são um giz gasto, a chiar na lousa ideias, cujo pensar não ouso acompanhar. Acompanho, movido pela vertigem, o desempenho musical deste empenho destrutivo do isolamento. Tentando fazer ao silêncio, o mesmo que a coruja ao rato.
Por hoje já tenho a minha dose!

navegar

Não há palavras que consigam descrever esse momento...

onde observamos
o que vemos
dentro de nós?

(In)sensibilidade(In)sensatez(In)coerência(In)consistência(In)possibilidade(In)certezaPorquê associá-los à mulher?Eu associa-los-ia ao ser humano!

contemplo uma mulher
como templo
do texto!

Bem mais fácil e prazerozo de ler! :-)

entro no texto
e dou-o a ler
pretexto...

Tudo é possível!

dou uma volta completa
até chegar ao início
e acabar assim

oração

É tarde, é de tarde... Ainda não fiz um “post”! As obrigações das devoções!!

pego no teu retracto para olhar
e aproximo-o de mim até tocar
no mais intimo do meu intimo
este sentir dum sentido último
onde se alcança em metafísica
crenças onde tudo ganha física
em oração onde vive o coração

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

“...”

i
A sensibilidade das mulheres é um mistério,
daqueles que quanto mais nos esforçamos,
menos hipóteses temos de ver revelar-se.
Cheguei à triste conclusão que, só quando
vêm um homem a fazer figuras tristes, às vezes
pensam: - “...”

ii
frente, verso & companhia Ltda...

posso ter jeito para fazer as palavras
serem legíveis e claras como água,
mas quem não tiver sede ou pensar
por algum motivo meu desconhecido
estarem estas águas inquinadas,
deixará estes versos até sem frente

(brancos que te quero brancos...&...)

iii
só a minha mãe me percebe, mas
ainda não a inventei nem (a) o farei!

(uma explicação desnecessária: esta)

1 a 10 versos de ouro

1. Honra em primeiro lugar os deuses imortais, como manda a lei.

i
deuses têm sempre lugar à minha mesa
pois limitam-se a receber as oferendas
com as quais lhes ofereço o que como
ii
deste modo nunca a eles faltará nada
mesmo quando eu não tiver de comer
entregue a jejum ou apenas abstinência
iii
os deuses saberão interpretar a diferença
e talvez um dia tenha a revelação divina
de como comer como comem Ambrósia

2. A seguir, reverencia o juramento que fizeste.

iv
jurei o segredo será secreto e morrerá
só depois de eu ter morrido sem saber
ser possível um dia ser tornado público
v
pois é tão simples como a inocência
tendo a beleza evidente derramada
pelos olhos quando mostram o olhar
vi
a oração faz-se para dentro erguendo
o corpo ao ritmo da vida caminhando
ao encontro da verdade e da fé + viva

3. Depois os heróis ilustres, cheios de bondade e luz.

vii
deixar-me-ão ir dormir descansado
todos os dias todas as noites sabendo
haver um herói para cada hora santo

viii
talvez nem tanto seja necessário ser
para ascender a uma categoria lenta
onde só se ascende através da lenda

ix
sem que de facto cada acto se conte
da frente para trás da mesma forma
como surge de trás para ir à frente

4. Homenageia, então, os espíritos terrestres e manifesta por eles o devido respeito.

x
como nos dez cantos dos Lusíadas!

5. Honra em seguida a teus pais, e a todos os membros da tua família.

aos filhos da mãe da minha mãe
a quem tiveram por avó
não falte família!

6. Entre os outros, escolhe como amigo o mais sábio e virtuoso.

a ti que me olhas como se fosse teu irmão
pedirei a mão da tua irmã
se alguma vez
vier
a
querer
colher nus frutos dum lar
onde a sabedoria aconteça tendo seu lugar


7. Aproveita seus discursos suaves, e aprende com os atos dele que são úteis e virtuosos.

aproveitarei provar o que aprova
e comer o que prova a
saborear
como é boa companhia
quem discursa suave e soa ave...

8. Mas não afasta teu amigo por um pequeno erro,

não me afastarei por uma falha humana
sendo mais desumano
que o irmão
que
por ser humano
possa ter falhado causando dano
coisa que sei que pode ser sempre engano...

9. Porque o poder é limitado pela necessidade.

poder
eu sei que posso!
porem não sei se posso
ter o poder se não mo derem?...

10. Leva bem a sério o seguinte: Deves enfrentar e vencer as paixões:

a gula
depois da comida

a preguiça
depois de dormir

a luxúria
depois de comer...

terça-feira, fevereiro 15, 2005

um caso/ rosa

Ter um caso..., esta frase, esta unidade significativa, esta... Vivemos num mundo de frases feitas, onde fazemos todas as outras, estas. Um caso cada uma delas, neste caso, vim:
ter um caso...
Fazer uma frase, um caso, começando por uma frase feita e acabando num seu desenvolvimento:
- Queres ter um caso comigo?

Rosa!

Dar cor ao teu nome, inventá-lo a partir duma cor! Ser inventor...
Já produzi uma teoria poética assente sobre a invenção, o poeta seria um inventor. Outros já o fizeram fingidor, fazedor... Inventor!
Todos os dias me invento engenho movendo alcatruzes à procura do génio das águas correntes, desengarrafado/desengarra/fadas. É uma forma de dizer, todos os dias é muito tempo...

su(a)gestão

abraço
um beijo num traço
no poema o faço...
um carinho leve
de linho breve...
um sussurro
no olhar...
o sorriso
-
abraço

versos de ouro

Data: Tue, 15 Feb 2005 08:28:55 -0300
De: "FBHARDY" <fbhardy2002@yahoo.com.br>
Assunto: Os Versos de Ouro de Pitágoras
1. Honra em primeiro lugar os deuses imortais, como manda a lei.
2. A seguir, reverencia o juramento que fizeste.
3. Depois os heróis ilustres, cheios de bondade e luz.
4. Homenageia, então, os espíritos terrestres e manifesta por eles o devido respeito.
5. Honra em seguida a teus pais, e a todos os membros da tua família.
6. Entre os outros, escolhe como amigo o mais sábio e virtuoso.
7. Aproveita seus discursos suaves, e aprende com os atos dele que são úteis e virtuosos.
8. Mas não afasta teu amigo por um pequeno erro,
9. Porque o poder é limitado pela necessidade.
10. Leva bem a sério o seguinte: Deves enfrentar e vencer as paixões.
11. Primeiro a gula, depois a preguiça, a luxúria, e a raiva.
12. Não faz junto com outros, nem sozinho, o que te dá vergonha.
13. E, sobretudo, respeita a ti mesmo.
14. Pratica a justiça com teus atos e com tuas palavras.
15. E estabelece o hábito de nunca agir impensadamente.
16. Mas lembra sempre um fato, o de que a morte virá a todos;
17. E que as coisas boas do mundo são incertas, e assim como podem ser conquistadas, podem ser perdidas.
18. Suporta com paciência e sem murmúrio a tua parte, seja qual for,
19. Dos sofrimentos que o destino determinado pelos deuses lança sobre os seres humanos.
20. Mas esforça-te por aliviar a tua dor no que for possível.
21. E lembra que o destino não manda muitas desgraças aos bons.
22. O que as pessoas pensam e dizem varia muito; agora é algo bom, em seguida é algo mau.
23. Portanto, não aceita cegamente o que ouves, nem o rejeita de modo precipitado.
24. Mas se forem ditas falsidades, retrocede suavemente e arma-te de paciência.
25. Cumpre fielmente, em todas as ocasiões, o que te digo agora:
26. Não deixa que ninguém, com palavras ou atos,
27. Te leve a fazer ou dizer o que não é melhor para ti.
28. Pensa e delibera antes de agir, para que não cometas ações tolas,
29. Porque é próprio de um homem miserável agir e falar impensadamente.
30. Mas faze aquilo que não te trará aflições mais tarde, e que não te causará arrependimento.
31. Não faze nada que sejas incapaz de entender.
32. Porém, aprende o que for necessário saber; deste modo, tua vida será feliz.
33. Não esquece de modo algum a saúde do corpo,
34. Mas dá a ele alimento com moderação, o exercício necessário e também repouso à tua mente.
35. O que quero dizer com a palavra moderação é que os extremos devem ser evitados.
36. Acostuma-te a uma vida decente e pura, sem luxúria.
37. Evita todas as coisas que causarão inveja,
38. E não comete exageros. Vive como alguém que sabe o que é honrado e decente.
39. Não age movido pela cobiça ou avareza. É excelente usar a justa medida em todas estas coisas.
40. Faze apenas as coisas que não podem ferir-te, e decide antes de fazê-las.
41. Ao deitares, nunca deixe que o sono se aproxime dos teus olhos cansados,
42. Enquanto não revisares com a tua consciência mais elevada todas as tuas ações do dia.
43. Pergunta: "Em que errei? Em que agi corretamente? Que dever deixei de cumprir?"
44. Recrimina-te pelos teus erros, alegra-te pelos acertos.
45. Pratica integralmente todas estas recomendações. Medita bem nelas. Tu deves amá-las de todo o coração
46. São elas que te colocarão no caminho da Virtude Divina,
47. Eu o juro por aquele que transmitiu às nossas almas o Quaternário Sagrado.
48. Aquela fonte da natureza cuja evolução é eterna.
49. Nunca começa uma tarefa antes de pedir a bênção e a ajuda dos Deuses.
50. Quando fizeres de tudo isso um hábito,
51. Conhecerás a natureza dos deuses imortais e dos homens,
52. Verás até que ponto vai a diversidade entre os seres, e aquilo que os contém, e os mantém em unidade.
53. Verás então, de acordo com a Justiça, que a substância do Universo é a mesma em todas as coisas.
54. Deste modo não desejarás o que não deves desejar, e nada neste mundo será desconhecido de ti.
55. Perceberás também que os homens lançam sobre si mesmos suas próprias desgraças, voluntariamente e por sua livre escolha.
56. Como são infelizes! Não vêem, nem compreendem que o bem deles está ao seu lado.
57. Poucos sabem como libertar-se dos seus sofrimentos.
58. Este é o peso do destino que cega a humanidade.
59. Os seres humanos andam em círculos, para lá e para cá, com sofrimentos intermináveis,
60. Porque são acompanhados por uma companheira sombria, a desunião fatal entre eles, que os lança para cima e para baixo sem que percebam.
61. Trata, discretamente, de nunca despertar desarmonia, mas foge dela!
62. Oh Deus nosso Pai, livra a todos eles de sofrimentos tão grandes,
63. Mostrando a cada um o Espírito que é seu guia.
64. Porém, tu não deves ter medo, porque os homens pertencem a uma raça divina,
65. E a natureza sagrada tudo revelará e mostrará a eles.
66. Se ela comunicar a ti os teus segredos, colocarás em prática com facilidade todas as coisas que te recomendo.
67. E ao curar a tua alma a libertarás de todos estes males e sofrimentos.
68. Mas evita as comidas pouco recomendáveis para a purificação e a libertação da alma.
69. Avalia bem todas as coisas,
70. Buscando sempre guiar-te pela compreensão divina que tudo deveria orientar.
71. Assim, quando abandonares teu corpo físico e te elevares no éter,
72. Serás imortal e divino, terás a plenitude e não mais morrerás.

conjugar

Conjugação...

Lendo-me:
rol
do amor e da saudade
a lista de compras não fala,
escrevo... apenas silêncio


Lendo-te:
... e a distância?

Provavelmente no rol só arrolei o silêncio, tendo-o achado uma lista vazia, decidi começá-lo... De que me lembrei para falar no rol?, do amor e da saudade... que me faziam companhia!?
Começando por eles: amor e saudade, lembrei-me de outros, qualquer outro rol, lembrei-me dum rol “lista de compras” e... foi por aí que comecei?
Terminei no rol que tinha d’ inicio... apenas o silêncio.
Gosto deste final, ao qual, com a tua dúvida, uma pergunta e... introduzes uma questão: a distância. Deixo-a, onde no rol fiquei: apenas silêncio... e a distância.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

bicho

Amor,
A literatura torna literal o que nunca é literal, isto não acontece fruto dum jogo de palavras: disposição de letras ou construção das frases. Isto acontece porque na literatura a realidade é imaginação e a imaginação é real, é a sua construção!
Esta ideia herdei-a do Ramos Rosa que ainda não deixou a herança que já nos vai dando a herdar, sendo magnânimo. Voltando ao essencial, está dito. Agora é falar contigo pelo prazer de falar, é onde a literatura mais se parece com uma realidade real, sem construção do "real".
A literatura tem esta particularidade, duplica as palavras e mesmo multiplica-as: o real imaginário, o real utilitário, o real ao contrário, o real dos reais, o real dos reis, o real irrealizado, o irreal. Isto não resulta do fenómeno literário e sim da própria linguagem, do seu uso. Claro, mas é potencializado de forma exponencial pela literatura.
Estive à espera de me alargar, cá havia de chegar: o amor e a literatura! Amo-te porque nem preciso de pensar em ti como amiga, a base do nosso amor é o desejo, a volúpia, a luxúria! O luxo de todas as palavras e, mais simples, de forma rasteira, a necessidade como se dela não precisássemos e nos pudéssemos dar ao sublime sem luxo, puro luxo!
Lixo? Deitar fora a literatura? Não há lei? E a leitura?...
Bicho, o leitor, ficaria sem comida! É essa parte de mim que alimento durante a escrita...
P.S. Terei conseguido falar com (a) Literatura? Há, ou dá, sempre (a) leitura...
Abraço!(a quem der os braços)...

domingo, fevereiro 13, 2005

ele e ela

Ele diz:
Também li...

Ela disse:
«Muito bom aqui também - currículo dispensado - traduções acidentais
Beijo
»

Ele dizendo:
Seu apoio obriga-me... Obrigado!
Vou pegar no caderno e tentar traduzir... depois de “em/me_ta_mor_fo_se”.

Ontem à noite (estou a escrever agora à noite o que hei-de passar amanhã de manhã das páginas deste caderno, donde espero tirá-las)...
Pensei narrar a passagem de transcrições levando em conta...
[isto contou no blog g...]
[ainda escrevi um poema “alexandrino”...]

a poesia não é a minha alegria
mas a minha alegria é a poesia

deve ser justo fazer jus a esta sua
conti/nu/idade harmónica de exactidão

entre a contingência do ser e do não ser
a alegria é o que a poesia é...

alegria

Resolvi recuperar os dias dum diário ininterrupto entre um início e um fim únicos, uma continua idade no tempo
[já nem pontuei o final da frase, dormi]
[ainda me lembro do que estava a pensar, levar-me-á a voltar a numerar os dias]
[alegria, seria um título, um final? Ficou assim, aliás... acrescentei reticências em “a alegria é o que a poesia é”, passando a “a alegria é o que a poesia é...”]

Do caderno, já hoje:

Por causa da Net agora as pessoas vão ao “baú” recuperar textos antigos, àparte à parte, vou ao caderno buscar coisas modernas...rs
[ri... e só agora fiz alguma coisa]

ela e ele

Ela diz:
Obrigada!
O corredor laranja (ou outro nome que tenha) é sem dúvida uma bela obra de arte.
Efémera, infelizmente!

Ele diz:
Os autores chamaram à obra “The Gates”, Os Portões.
Vê o Aviso:
(não consegui copiar para aqui, segue a ligação)
Lê o comentário-resposta, na outra ligação:
Although Christo and Jeanne-Claude have invested so much time and effort in the project, they were reticent to discuss "The Gates."

"It's very difficult," explained Christo. "You ask us to talk. This project is not involving talk. It's a real, physical space. It's not necessary to talk. You spend time, you experience the project."

dimensões

Complementando...

blog g1

A rapariga de “lágrimas frias” é uma jovem licenciada, de trabalho precário e mal pago. Filha duma família pobre, sou eu. Se por um lado gosto de escrever e gosto de histórias, não gosto de contar histórias!! Mas, já que tem que ser, seja. Sou a “heroína” dum blog gótico!...
Parece (eu só apareço depois...) que tudo começou à beira mar, num poema. Ao qual sucede/u comentário:
Posso fabricar o tempo, voltar ao passado, escrever o presente. Aos poucos, irei passando o que ficou.
Confesso, sempre tive um fraco pelos narradores que comentam, são comentadores... Comedores, alimentam-se da acção. Gosto deles extáticos!, não comento.
Assim, entrando como um extremo!...
blog g
É um blog gótico… o silêncio, o escuro, a noite…
As palavras dormem e acórdão duma ideia que, ao acordar, a cor dá(r)...
Estranho, mas é verdade, não há lugar a comentários. Cada “post” postula e pronto, acabou. Todos têm título, uma palavra ou duas...
expectativa
A mais soturna expectativa dormia com a cabeça debaixo da asa como uma ave, encostava-se a uma coruja no silêncio, junto ao tecto dum campanário de igreja alta em sitio íngreme isolado, ignoto, partilhando uma trave apoiada num sonho sujo e vazio, era eu vadio, estranho e com frio.
Este deve ser o narrador que também sou eu nas horas vagas, estas que preencho como uma coruja, de grandes olhos a atravessar o mundo... do olhar!
jovem
Esta noite trazem a jovem amarrada, vendada, dorida que vem do transporte no lombo dum cavalo. Os pés vieram no ar e a cabeça a roçar na cela, a cara molhada no suor do animal, a cheirar as crinas entrelaças com os seus cabelos ao vento.
Esta sou eu, identifico-me por uma marca, um sinal de nascença numa canela: um coração!...
olhos
Lavada em lágrimas, a sua cara secara e apresentava uma beleza extraordinária. Avultavam os olhos ardendo, como tições, centelhas de fantasmagórica febre. O delírio habita seu rosto branco como lírios cortados frescos para pôr numa campa morta de esquecimento, agasalhando ossos.
Não sou de medos, mas ser actriz deste autor, vou-vos contar: é um susto! O que vale são os delírios, são demais! É um gozo...
raptada
Fora raptada, quando só, orava na ara solitária duma campa rasa. Onde fora chorar sua mãe que a deixara órfã, na companhia duma fortuna ganha pelo pai. Para ela desconhecido, vitima de malária num oriente antigo cuja descrição lhe fora feita por ama desaparecida ainda na infância. Nada mais sei da jovem, a não ser tudo o que invento quando a ouço gemer e soluçar.
Como podem ler, é tudo história: continua.

uma tradição

Procurando na contradição uma tradição da minha poesia, fui buscar um soneto (melhor que a emenda, pois essa nem existe e ele...) já de Novembro de 2004.
Aqui não sou uma ilha!?...

*PARA, POIS, PORQUE...
Quem quiser viver a vida com fantasia
Pode-se encher de amor e maravilha
Enriquecendo toda a sua bela poesia
Deve é saber que não é uma ilha!?...

Não te doas amor das palavras dor
Poderem ser a rimar com sentimento
Que nunca fica quieto a ganhar bolor
Nem se queda parado num momento!

Prevenido o poeta previne a leitura
Com o corpo e alma da sua pessoa
Que ele próprio assume em figura

Para lá da retórica dos seus versos
Pois não se queda em sons que soa
P*orque sabe podem ser controversos

visita

Minha visita é como uma ilha que chega ao mar, estou aqui, você é água e eu não sei nadar (sou ilha...), mas tenho-a no meu horizonte. Então invento falar com o horizonte, sem imaginar sequer...

Quarta-feira, Fevereiro 09, 2005
Posted 1:02 PM by Aldy
O Que Não Se Pode Explicar Aos Normais.


Sobre o amor e o desamor, sobre a paixão,
Sobre ficar, sobre desejar, como saber te amar,
Sobre querer, sobre entender, sem esquecer,
Sobre a verdade e a ilusão,
Quem afinal é você,
Quem de nós vai mostrar realmente o que quer,
Um coração nesse furacão, ilhado onde estiver,
O meu querer é complicado demais,
Quero o que não se pode explicar aos normais,
Sobre o porque de tantos porquês,
E responder
Entre a razão e a emoção eu escolhi você!

currículo literário

Não tenho, nunca hei-de ter. É a minha vida, não a quero traduzir em acidentes!

Pois é

Pois é, não sabemos de quem é a carta anterior. Até me custa entrar na história de amor - da rapariga com o rapaz -, ou outra qualquer, tanto faz...
A carta é dum homem, este, o que tenho à mão, nas mãos: está a escrever. Quando se deitou, esteve a escrever no caderno, tem um caderno onde escreve. Vamos ver o (que) ser(ve)...
Começa com um poema nu, vou “despi-lo” aqui, despir um nu:

*
em/me_ta_mor_fo_se

sair de mim
como uma palavra
entregue à aventura do dia

abri o casulo
do poema assim tecido

para dele sair a poesia...

*

Curioso... ler o poema que já hoje escrevi e vou deixar nos Poemas Nus.

Meu amor

Meu amor,
Há uma coisa que quando destruirmos já não haverá mais nada para destruir: a verdade, ver a idade autêntica do que está, do que é, do que somos...
Pega na nossa carta e concorre, ninguém saberá se é minha ou tua. Lembras a nossa discussão sobre a escrita, no masculino ou no feminino?
Vi na Internet Museu da Imprensa promove concurso de textos de amor originais, concorre. A promessa: «o concurso vai premiar o melhor texto concorrente, em poesia ou prosa, com uma viagem.»
O prémio seria a possibilidade de nos encontrarmos, seria a possibilidade do próprio amor! O que temos para dar um ao outro, é amar. O amor temos que... o encontrar, temos de nos procurar, um no outro.
Amo-te, todos os dias, cada vez mais. Às vezes penso “É demais!”... Vêm-me lágrimas aos olhos, líquida emoção... Será? Será que conseguirão ver, escrutinar, a verdade do meu/nosso amor? Na verdade..., desde o principio, e esse é o Principio (o Verbo), ele sempre tem estado “entregue à nossa sorte”...
Amor: - Ao Amor! Beijo-
-te(u)!
EU...

P.S. “conseguirão”? Está no Futuro, esperemos...

as dimensões da arte

Ela disse:
Vou ficar à espera da história.
O estado de espírito durante a espera deixo-o na imaginação...

Ele diz:
Olá!
Para o teu “estado de espírito” trago este post.

As dimensões da Arte, um título e uma ligação:
http://www.christojeanneclaude.net/tg.html

Imaginemos, num futuro previsível, a ligação deixa de funcionar: essa/esta, é outra dimensão da arte.

Um comentário, é bom entrar aqui seguindo um comentário...
Teu,

sábado, fevereiro 12, 2005

f(r)ase

Às vezes escrevo coisas impraticáveis, imagino-me a escrever sem saber o que digo? Estive a tentar pontuar três frases que postei “sem teto”, para o espaço!...
Eliminei:
Gosto pratica(n)do moderadamente, moderado pela mente. Com cabeça?, nome apropriado para a parte do corpo que mais mente?
Às vezes é tão difícil deitar fora até o que não presta...

lágrimas frias

A história devia acontecer como se fosse necessária a alguém, não é?, é. Está um dia de chuva e ela está triste, sou eu. Encosto a cabeça ao vidro, húmido, molhado, chove. Lá fora, faz frio.
Estou perto de Estocolmo, capital da Suécia, longe. Na minha terra nem toda a gente saberá onde isto fica, mesmo em minha casa. Não telefonei para minha mãe antes de vir, nem depois.
Começo um conto onde devia explicar tudo, sob a forma dum enredo onde me enredo. Saber qual a personagem guardada para mim?
Fui convidada para um filme pornô, uma cifra interessante em dinheiro e um pormenor importante que me seduziu e fez decidir, a fotografia do meu “partenaire”. O convite, uma carta que me arrasou...
“Não a conheço, descrevo-a a partir da sua foto no teu site, é jovem e genial e isso é suficiente. Aqui o frio fere, empurra as pessoas para dentro de casa, viajo até aos trópicos e encontrei-a. Domino a sua língua por ter estado em Portugal de férias, aí tive a sorte de trazer comigo um pouco de calor e as carícias da língua, uma delícia. Aqui, na minha terra, iniciei uma carreira recente: fazer filme pornô. Tenho conhecido mulheres maravilhosas, vacino-as com todos os vícios que conheço, estou a falar de prazer. Quer vir contracenar comigo, de seu rosto faremos o disfarce perfeito, do seu corpo uma revelação. Seu admirador, J.”
Tive uma vontade louca de aceitar, acabei por vir como já deu para ver. Agora estou à espera que comecem as filmagens, estou a começar a duvidar que ele apareça. Já estou há dois dias numa casa de madeira pré-fabricada, supostamente estou a escrever uma breve novela que não consigo começar.
Ocorreu-me a ideia dele ser escritor, deve estar a escrever a história que imagina que eu esteja a escrever. Quando pensei, quando veio esta ideia, no inicio da página, sentei-me a esta mesa, finalmente estou a escrever.
Tenho lido, trouxe comigo um livro. Uma primeira obra duma autora desconhecida, pelo menos por mim até ter encontrado o seu livro por mero acaso. Mesmo sabendo como, não sei como, não percebo o porquê e o como não tem solução, livro em segunda mão que alguém deixou da mão..., dado? Jogado fora? Esquecido.
Quis ler este livro como se fosse o meu, aquele que venho publicando no meu site. Genial, disse J e fez-me vir até aqui... Vou voltar à casa-de-banho, onde encostei a cabeça à pequena janela e tive a ideia de começar este conto, quero acabá-lo agora. Assim, quase de súbito, duas páginas manuscritas.
Estou a meio da segunda página, vou começar uma carta para a minha mãe:
“Querida,
Não sei como te dizer, viajei. Agora já estou pensando regressar, sinto saudades suas, do pai, do cão, do gato, do piriquito. Desculpa misturar pessoas e animais sem confundir, juntando tudo. O gato no colo, o cão sentado junto, o piriquito voando solto, o pai fumando. À senhora, minha mãe, queria pedir-lhe o cheiro bom da sua cozinha quando cozinha. Está-me dando fome, depois conto esta história.
Regresso breve.”
Mando este postal no dia da partida, talvez. A tentação é grande, acabar este conto como acaba o romance acabado de ler:
“Ela levantou os olhos, olhou através dos vidros da janela e começou a chorar. Estranho, as lágrimas caiam dos olhos e continuava a ver bem, nem emocionada estava, nada sentia, só as lágrimas escorreram.
Para começar a chorar precisava ainda de qualquer coisa, procurar a emoção, esconder a cara nas mãos, um gesto..., mas não era capaz. Olhava para fora, lá para fora, através da janela.”
Também ela esperava um carro, alguém vindo de carro. Ouvia agora passos sobre a neve, alguém se aproximava a pé. Agora não havia dúvida, era só uma pessoa, sacudia a neve das botas, já estava na varanda. Em breve saberia quem, só ela, mais ninguém?

ler

Cerejinha said...
Ler
Estudar
Interpretar

Bom estudo!
O exame vai ser difícil.
Os resultados inesperados.

Utilizando o teorema de Pitágoras, o quadrado da hipótenusa devia vir dado pelo soma do quadrado dos catetos: (LEI BOO)2 + (Os resultados inesperados)2. Daria uma boa hipótese, mas vou continuar a ler...
Está cada vez mais jovem o meu amor e que mamilo doce se desenha, coroando a musse de chocolate, o sabor quente do cacau em pó, o paladar dúctil, todo o poder da imagem, e saborear a imaginação de perfil vendo-me de lado!...
Vou contar outra história, a inicial, quando fui para o estrangeiro experimentando uma personagem com o teu perfil (para continuar a olhar esse lado de todas as coisas, não reflectidas nos espelhos lisos, fotográficos, podemos acrescentar)...

encontros (a)guardados

Qualquer semelhança com a realidade até poderá ser verdadeira.
A leitura é vossa. A verdade, também...
escrito por inconformada

andamentos

1 - comentando
Vou alimentar o meu blog gótico, como se fosse um peixe vindo à superfície, imerso da escrita emerso em versos, conversa...
Aqui ninguém sabe onde fica o Norte e o Sul, orientem-se de Este a Oeste sobre a linha do horizonte...

2 - comentando
Deixa-me contar a todos sem dizer quem és o que as tuas palavras dizem, sem dizer quem sejas? Penso que não, quero dizer, penso que sim.

É perturbadora a sensação que me fica ao ler os seus poemas, os seus comentários...
Saborosamente perturbadora, como se lesse o meu íntimo...
como se vivesse dentro de mim...
(e mais não digo!)
:-)

Não penso nada, chegado a este ponto, leio-te com a curiosidade das focas e seus olhos brilhantes, os braços como barbatanas, tenho bigodes finos e espetados de lado e a pele luzidia de quem saiu da água.
Depois disto partilho contigo e com todos o poema da Lílian Maial, tu não te importas e ela não irá levar a mal.
Sem maldade nem importância seria inócuo, cuidado..., é favor importarem dando importância.

Preenche-me

Preenche-me de sonhos
de desejos, de orgias
preenche-me de alegria
de contar quanto preciso
preenche-me de teu sorriso
de teu cheiro e tua cor
preenche-me de teu amor!

Deixa que eu chegue perto
que eu chegue certo
que eu te penetre
deixa que eu te carregue
pelas viagens dentro de mim
deixa que eu te ame
e preenche-me, enfim!

(Lílian Maial)
posted by Cerejinha

3 - comentando

ÊXTASE
(
LEITURAS lílian maial
Meu corpo-livro
fecha-se com teu marcador.
Nunca saímos da mesma página
)

tenho medo
do que poderia dizer e
pensar, não é só mais fácil é
também muito mais real
em relação à fantasia,
tenho sempre medo
de me trair:

não me quero subtrair à poesia
(- leio o teu livro em êxtase!!)

sushi

Antes de ser conhecido tenho de fazer com que me conheçam, estou a pensar no assunto! O argumento é bom, a argumentação nenhuma, ainda melhor!! Bom é altura de dizer que quero que me leiam, só falta dizer para quê: essa resposta não terá pergunta anterior à escrita!!!
Já exclamei como quem escama o peixe, está a ser servido. Quero ser o autor do conto a contas com consideração considerável, reconsidero: se não disser para que quero que me leiam porque hei-de ser lido? Porque hei-de escrever?? Porque escrevo???
A minha mãe chama-me para a mesa, tenho de obedecer, nem sequer posso levar o caderno, não se escreve à mesa. O meu pai está surdo, a avó tem dificuldade de segurar a dentadura, a minha filha porta-se como uma senhora, apresento-me assim, em família.
Gostava que gostassem de mim e pensassem como agora escrevo de barriga cheia, tendo o cuidado de dizer não ter enchido demais o estômago. Ser civilizado como o Jacinto da Cidade e as Serras, mencionar Eça. Esta me pareceu uma boa referência naturalista, deixemos o realismo para o referido, continuo sem saber o que vou contar.
A culpa é da personagem principal dos meus contos, o leitor. Ainda ninguém respondeu ao primeiro, não se lembrem de me desmentir... Não há perigo, o desconhecimento aqui serve de desculpa à margem da Lei. Aqui só entra a lei que me atura, a leitura que a(com)panha a escrita.
Fica bem ter uma filha, pais e avó, comovi-me, mas continuo sem ter história. Amanhã acordo de certeza com uma, pedi-te carícias apropriadas ao próprio... para depois escrever! Já só falta dormir e ainda vou ler, não há nada a fazer, é como se fosse uma questão de principio, vou acabar, parágrafo.

*

Despes-te com a tranquilidade de quem se despe e fica nua, transmitindo: este é o meu corpo, esta sou eu. Faço o mesmo: este é o meu corpo, aquele que faço. Claro, só te posso dar o que podes fazer...
Deste modo tranquilo continuaria o nosso conto, mas já não conto, cheguei ao Fim.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

indo não hindu

Uma despedida onde ela mais será de esperar, por ir dum desconhecido, indo para um conhecido que não conheço.

Ma-Schamba
cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio (Nassar)

o conto de hoje

Vou-lhe contar assim, sem mais, como as coisas acontecem... quando nos surpreendem. Conheci você por acaso, por acaso nem a conheci, fiquei a saber da sua existência e a corresponder-me consigo.
A um poema erótico correspondi com um texto hipnótico, um paleio gótico... era ainda o primeiro contacto. Na verdade era já um segundo conto, ao primeiro não respondera, não correspondera. Julgava eu perceber por quê, mesmo sem perceber nada, nada havia para perceber: você autora, eu um “outro” que nem se apresentou.
Ainda por cima mandei um conto cuja heroína é uma mulher, nem sequer assinei e mandei assim, sem mais nem menos. Sim, nem esse cuidado mínimo de dizer quem sou, ou seja, sem cuidado nenhum. Seria quase como fazer sexo com um desconhecido sem usar preservativo, ideia convidativa diga-se de passagem não fora ser bobagem... sem conseguir ao menos olhar o rosto. Sobre tudo, falta aqui o ponto: sentir o corpo!
Mas, como dizer Não quando começa a apetecer dizer... Sim? O corpo vai crescendo, é sexo. Certo, sabido, “Apetece ser lambido”! Digo eu, fazendo-a entrar, a si, com este pretexto para o meu texto. Pondo-lhe na boca estas palavras, como seja sua a frase, o dito: - Apetecia ser lambido!... Ofereço-lho assim, erguido! A exclamação a surgir, repetida, à frente dos seus olhos! Perto de tua boca, teus lábios, teu desejo, meu, nosso desejo... vou escrevendo.
É com esta arte da ir tocando que, a pouco e pouco, vou penetrando seu corpo... textual, como meu corpo, este texto. Avanço e sinto-a balançar, começar interiormente a ficar... nua. É um movimento interior, não lhe sei explicar, sinto-a. Ninguém melhor que você para dizer como é, como se deixa... fazer/dizer? F... febril, a temperatura subiu. A exclamação d’ à pouco já não está à mão, para acariciar essa ideia como se fosse alheia: - Apetecia ser lambido!...
Agora é você a pensar-me, a fazer-me dentro da sua cabeça. Eu já não a consigo pensar de fora, entrei na sua cabeça, estou na tua vida, quero a nossa Língua... Converti o meu ser em sexo e sirvo-lho agora erguido à sua frente: falo, sou macho!
Não é só o narrador do conto que mudou, nem o conto que é outro, é a proximidade. Agora estou aqui a querer entrar-lhe pelos olhos dentro, todos... E isto despido, nu, em pele, no pelo! Agressivamente carente, esperando-a erguido como um artigo definido indefinido, o... O que se ergue perante ti, todo! Todo ele, todo eu, todo o... Todo ele.
Esta experiência, esta a de te sentir e não saber distinguir a tua língua da minha. Mergulhar a língua na tua língua, sem ser capaz de mandar uma boca: - Como beijas bem!? Grudados, as bocas coladas, calados, deixando falar o corpo todo. Acaricio a fenda erótica do teu corpo, o sentido do texto toca-nos, numa semiótica total. O paleio gótico é agora quase vital, considerações profundas como as que resultam da leitura dum texto essencial de Roland Barthes, “Le Plaisir du texte”.
Encosto o meu corpo ao teu e segredo-te ao ouvido: “Je t’aime”!... Digo-o quase gemendo, abraças-me e desces pelo meu corpo percorrendo-me ávida, pensando poder ser salva pelo Fim, chegar ao fim do texto. Nem sabes como o vais meter na boca e saborear, sílaba a silaba, até salivar tanto como eu me entrego quando me vier na tua boca!
Já não sou palavras minhas, sou palavras tuas para as quais procuras o tempo, o modo, as flexões do verbo e falas... Fá-las nossas! Relê o texto desde o inicio, quando fores capaz do articular movendo a boca, dizendo as palavras de forma nítida e clara... Estar-me-ás fazendo, serei teu.